A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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sábado, 27 de abril de 2013

Conta Ricardo...

Vitória de Ricardo em Malory Park, Luiz Pereira Bueno, Chris Steel, Ricardo e na ponta Antonio Ferreirinha.

"Quando eu fui correr na Inglaterra eu fui sob risco de não poder fazer nada não fosse a ajuda leal, insistente, cooperativa de todos os ingleses envolvidos na questão de cabo a rabo. Foi um comando, um esforço em comando característico do espírito inglês. Barley tinha um cunhado que era diretor de competições da Burmah-Castrol na Inglaterra e estava convicto que eu seria um piloto de carreira, portanto apostava ser possivelmente seu team manager. Joakim Bonnier, piloto sueco respeitado na Europa, era o presidente da Associação de Pilotos de Fórmula 1 (GPDA) e era representante oficial da LOLA para toda a Europa. 
Ricardo e Jo Bonnier
Bonnier era um intermediário internacional da F-1. Quando se deu conta, informado pelo Real Automóvel Clube da Inglaterra (RAC), que uma carteira internacional havia sido concedida a um brasileiro sob bandeira do RAC, ele se interessou muito porque desejava ver o Brasil retornar e receber pilotos e provas internacionais. Como ia competir no International Tourist Trophy em Oulton Park na Inglaterra, a mais tradicional competição de esporte protótipos da época, solicitou ao RAC que estendesse um convite para eu correr na prova de apresentação que seria de Fórmula-Ford. Ali então, além de me auxiliar a reconhecer a pista rodando três voltas comigo num esporte protótipo, pode avaliar rapidamente o meu grau de pilotagem e me convidou para visitar a Lola (o que aconteceu ao meu retorno com o Luiz Pereira Bueno em Dezembro de 1968 para o teste com o Stirling Moss. 
 Peter Arundell era o segundo do Jim Clark na Lotus e tinha sofrido um tremendo acidente em Le Mans. Como se recuperava e era considerado um grande piloto e instrutor, fora convidado para assumir por alguns meses a escola de Pilotagem Motor Racing Stables, hoje uma página gravada na história do automobilismo inglês e muito cultuada. O curso de pilotagem para monoposto era de 60 dias. Ricardo Barley havia conseguido que o RAC solicitasse uma atenção especial a minha pessoa a pedido do Jim Hill chefe do departamento de competições da Burmah-Castrol e cunhado do Ricardo Barley. Peter Arundell nos recebeu e me direcionou para o Tony Lanfranchi e o seu segundo que era o Sid Fox, ambos os pilotos reputados sendo o Lanfranchi de todas as categorias do esporte motor. O processo se dava por estágios e o Lanfranchi desde o primeiro estágio foi a torre de comando de Brands Hatch e solicitou ao Peter Arundell que me permitisse prosseguir porque eu era um pouco mais do que aluno. No terceiro estágio o Arundell sob pressão do Barley, permitiu que eu voasse solo e monoposto com limitação a 5500 giros no espia do conta-giros a cada 8 voltas conferidos pelo Sid Fox. Como eu fui passando todos os estágios, no final o Peter já em nível de discussão com o Barely insistente lhe dizendo que não tínhamos recursos para ficar na Inglaterra por mais tempo, Arundell propôs que eu fizesse 8 voltas contra o tempo dele de 8 voltas em outro carro da escola. Se eu ficasse a dois décimos do tempo dele me daria a carta que eu quisesse para o RAC emitir a carteira internacional. No entanto, para ser justo ele propunha que girássemos no sentido contrário da pista de Brands Hatch uma vez que nenhum dos dois havia jamais circulado contra o relógio em Brands Hatch. Barley me questionou e eu disse que topava. Escolhemos um carro cada e Arundell fez as 8 voltas tendo dado uma rodada forte em Druids (180º) e encostado de traseira no barranco na 3ªvolta. Depois eu sentei no meu carro escolhido com câmbio à esquerda... e fiz apenas 4 voltas quando me deram bandeira de parada. Entrei no Box , desci do carro e o alto falante me chamou na torre. Quando subia as escadas da torre de controle, um vasto público beirava a pista e o palanque de Brands Hatch em dia de treino, os alto falantes anunciaram que o brasileiro havia feito 2/10 melhor tempo na terceira volta do que Peter Arundell nas 8 voltas completadas. Ao chegar na sala da torre Arundell me disse: “Escreve a carta que você achar melhor para você que eu assino em baixo. Você é um piloto profissional. Parabéns”. 
Esta é toda a verdade dita pelo cavalheiro Peter Arundell na presença de todos e de Ricardo Barley que provaria a seguir o quanto era absolutamente indispensável para que chegássemos a qualquer lugar...Em nome do Brasil."

Ricardo Achcar

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As vezes é difícil separar o ídolo e amigo, ou amigo e ídolo quando vou escrever, mas sobre o Ricardo é fácil, foi um bota em todas categorias por onde correu, Campeão Carioca da Formula Vê em 1967 e Brasileiro em 1968 correndo pela equipe Fittipaldi, tendo Pace chegado em segundo lugar e Emerson, então já se dividindo entre Europa e Brasil em terceiro. No mesmo ano foi agraciado com o prêmio Victor da Quatro Rodas como o melhor piloto de monopostos do Brasil.
Ricardo faz parte daquela geração que encantou o mundo com suas conquistas no automobilismo quando seguiram o caminho da Europa, especificamente da Inglaterra, mostrando ao mundo a qualidade de nossos pilotos profissionais, fizeram parte desta verdadeira esquadra Emerson, Luiz Pereira Bueno, Carlos Pace, Antonio Carlos Avallone...Sei que antes tivemos representantes de grande valor nas grandes categorias como seu Chico, Nano Silva Ramos, Frtiz D`Orey...Mas essa geração chegou para ficar.

Do Ricardo certa vez me disse Chico Lameirão “o piloto mais rápido que vi pilotar”, e posso acrescentar rápido e técnico, certamente com a concordância do Chico. Piloto e construtor de sucesso, vide o Polar Formula Super Vê, no texto um pouco dele em suas palavras, e logo vem muito mais.





Um abração Ricardo


Rui Amaral Jr     





NT:
Texto do site da FASP editado e reproduzido com a autorização do Ricardo por meu amigo Joel e por mim.





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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ricardo Achcar

Sim Borgmann, Walter, João Carlos, Claudinho e amigos a foto é do grande Ricardo na F.Ford em Brands Hatch no ano de 1968 quando junto com Luiz Pereira Bueno foi para Inglaterra correr pela equipe SMART do lendário Stirling Moss. Nosso amigo Benjamim "Biju" Rangel encontrou esta foto que nem o Ricardo conhecia. Mais velhos que Emerson, Luiz e Ricardo foram para Inglaterra e lá venceram várias corridas da F.Ford e mais tarde por falta de patrocínio adequado acabaram não voltando, Luiz montou aqui a equipe Hoollywood que todos conhecemos e Ricardo continuou mais um pouco sendo piloto de testes da Lola e depois voltou ao Brasil para se tornar um construtor de sucesso fazendo de sua POLAR uma marca campeã tanto na F.Super Vê quanto na Divisão 4.
Num país sem memória o nome de Ricardo dificilmente é lembrado quando falam dos grandes pilotos brasileiros...talvez um dia deem o devido valor à ele.

Um abração Ricardo, Biju e Nino.

Rui Amaral Jr   


Vitória em Malory Park
 Luiz Pereira Bueno, Chris Steele, Ricardo Achcar e na ponta o grande Antonio Ferreirinha. 
 Biju Rangel testando o POLAR da F. Super Vê.
Com os amigos Gláucio Teixeira, Chico Lameirão, Ricardo Achcar e Ricardo Bock durante a gravação do programa de Sergio Quadros Sob Nova Direção na foto do amigo Cassio Toledo.


Para mostrar um pouco do carinho dos fãs por este grande piloto escolhi um post de meu amigo Hélio Canini Junior a quem carinhosamente chamo de "Comendador" que tem um comentário de outro grande amigo o Fernando "Hiperfanauto" Fagundes e uma resposta do Ricardo, outros posts sobre o Ricardo vou colocar um link abaixo.



terça-feira, 2 de setembro de 2014

Super Vê a primeira corrida.

Chico no Polar, que nesta corrida usou motor preparado por Henrique Iwers.

Cerca de um  ano e meio antes dessa corrida de estréia da categoria a VW do Brasil reuniu a nata do automobilismo brasileiro em sua sede, no Pavilhão 0, e anunciou que apoiaria no Brasil a categoria que era um sucesso na  Europa e que entre tantos pilotos revelara um jovem que começava à fazer uma carreira vitoriosa na Formula Um o austríaco Niki Lauda!
Junto com o anuncio apresentou o regulamento técnico e desportivo e apoiaria a categoria oferecendo peças à preço de custo, apoio da rede de concessionários, um calendário sólido, prêmios substanciais de largada e chegada. 

Benjamim "Biju" Rangel no primeiro carro feito pela Polar

Na Europa o chassi vencedor era o Astro Kaimann com 7 ou 8 campeonatos, inclusive com Lauda, e um deles foi importado para servir de modelo para os fabricados aqui. Foi este modelo importado que foi utilizado por Ingo Hoffman os outros Astro Kaimann eram fabricados no Brasil pelo Guimarães com o nome de Magnun-Kaimann. Nesta reunião logo se sobressaiu Ricardo Achcar dizendo que sua Polar onde era sócio de Ronald Rossi fabricaria um chassi inteiramente nacional. Logo após alguns outros construtores aderiram à idéia, entre eles  o saudoso, talentoso e sempre presente Antonio Carlos Avallone que faria a réplica do chassi Supernova.
Vamos à corrida...

Newton Pereira

Ricardo Mansur foi o primeiro a chegar à Goiânia e com uma relação de marchas bastante longa, com a qual havia treinado em Interlagos, foi logo marcando 1'45 (melhor do que o recorde, 1m47'92 de Antonio Castro Prado com Avallone-Ford D4). Era terça-feira e logo apareceram Claudio Dudus e um jovem da região, Nelson Piket.
O Ingo que tinha o melhor esquema, com Wilsinho Fittipaldi comandando e Darci como "meca" só veio na quinta e marcou 1m40'6, sendo o único a usar os amortecedores Koni enquanto os outros usavam os Spark.
O favoritismo do Magnum-Kaimann era patente e tínhamos seis deles, contra três Polares (Piket, Lameirão e Biju Rangel), um Heve do Milton Amaral e o Newcar do Newton Pereira, um F/F modificado. 

GRID

Ingo 1.37s.69/100
Chico 1.38s.56/100
Piquet 1.38s.61002 

1ª bateria
Ingo, Nelson e Chico.

Chico com a primeira marcha mais longa, pois optou por usar a primeira marcha na curva mais lenta do miolo, pulou em terceiro atrás de Ingo e Nelson que brigavam na ponta. Na sexta volta Chico ultrapassa Nelson e briga com Ingo pela ponta, sendo que nas demais posições estão Ricardo Mansur, Biju Rangel e Ricardo Di Loreto. Na última volta Chico vem em primeiro cruzando a linha de chegada 5/100 à frente de Ingo sendo que nesta briga aloucada pela vitória abriram 15 segundos de Nelson o terceiro colocado seguido por Ricardo Mansur e Biju Rangel.
Coube então à historia registrar como a primeira bandeirada de primeiro lugar desta categoria que revelou tantos campeões, entre eles um tri campeão mundial de F.Um, à dupla Chico Lameirão/Polar de Ricardo Achcar!

2ª bateria
Nelson

Na segunda bateria o vencedor da primeira resolve mexer na carburação e o que se viu foi um domínio predominante de Ingo, tendo Nelson ficado pelo caminho com um pneu furado e Biju Rangel estourado o motor na última volta mesmo assim terminando em sexto. Ingo venceu com 8 segundos de vantagem para Chico sendo o terceiro o sempre combativo Ricardo Mansur, 4º Newton Pereira, 5º Eduardo Celidonio e 6º Biju Rangel. 

3ª bateria
Ricardo e Benjamin Rangel.


A seguir o depoimento de Ricardo Mansur

"A 1ª Prova de Super-Vê no Brasil mexeu com toda a imprensa especializada, tanto do país como também internacional. Eu ainda não havia calculado o que tal acontecimento representava! A Equipe Pinhal S/A foi a primeira a chegar em Goiânia e todo acontecimento se centralizou em nós! Eram convites para entrevistas, jornais, revistas, televisão, fotos, ginkanas... Um assédio total! Uma das fotos para a divulgação da prova para a Volkswagen e consequentemente para a inauguração do autódromo era um "press release" para 134 países! Foram quase duas horas dentro do cockpit com macacão e capacete! O calor chegava aos 40º e eu parado na "Curva do S" até os responsáveis pela divulgação acharem a foto ideal! Ficou ótima! O Kaimann 98 parecia um "dragster" e o slogan era: "SE VOCÊ NÃO CORRER, NÃO VERÁ UM SUPER-VÊ CORRENDO"

CONHECENDO A PISTA E TREINOS

FOI UM BATISMO DE FOGO!

Aprender a andar de fórmula, seus ajustes de suspensão, motor, escalonamento de marchas, achar os "macetes" da pista e principalmente não atingir os "curiangos"! Era incrível a quantidade desses pássaros na pista, dificilmente completava uma volta sem desviar de algum!

Quando todos os pilotos chegaram e os treinos começaram pude perceber que meu tempo de 1,38 era razoável embora meu motor só chegasse aos 6.600 rpm. Cronometrado por Alexandre Freitas Guimarães, meu carro ocupava o 11º lugar para percorrer os 1100 metros do retão! Eu fazia experiências utilizando marchas acima para vários trechos, chegando a conclusão que a curva "1" poderia ser feita em 4ª marcha que o tempo total seria o mesmo!

Numa de minhas saídas de box, fui atrás de um fórmula de aparência horrível, bitola bem estreita, alto demais mas rápido o suficiente para abrir uns 60 metros até a curva "1"! Não o ultrapassei e fiquei surpreso como era esquisito e mais ainda pelo calor do asfalto, acima de 50º que dava impressão do fórmula estar decolando pela deformação da imagem!

Quando parei no box, o Jabão me informou que aquele arremedo de carro era de um tal de Nelson Piquet... Estava feio por que em vez de "slicks" estava utilizando pneus radiais, sem rebaixar... Que? Radiais? Virou quanto? 1,40... Aí disse o Jabão: Trata de baixar seu tempo... Quando ele puser os "slicks"...

Ricardo Mállio Mansur"


"Esse é o "S" de Goiânia e o estado do pneu dianteiro nas curvas de baixa. As "blisters" provocadas pelo erro da geometria, refletiam em pequenas vibrações na grande reta de 1100 metros mais à frente. Ricardo Mansur"
"Esses foram os momentos que antecederam a largada para a 3ª bateria. De óculos, o construtor do Magnum-Kaimann, Alexandre Freitas Guimarães que sempre me dava um cliclete para tirar a tensão antes da largada. Gostava demais dele! Onde anda? Ricardo Mansur"


A terceira bateria, por conta do calor goiâno foi dramática, mas com um lindo lance do Nelson que estava de volta à disputa. Na quarta volta, Ingo e Lameirão vinham por dentro na Curva 1: Piket pegou o vácuo dos dois e os passou por fora.
Na décima volta, os motores dos dois protagonistas começaram a apitar. E restavam duas voltas. Se nenhum deles terminasse, a vitória poderia ficar com o santista Ricardo Mansur. Na última volta o motor de Lameirão entregou os pontos na entrada do miolo e Ingo ainda conseguiu arrastar o Kaimann até a bandeirada. Ingo venceu seguido de Nelson em segundo, Ricardo Mansur em terceiro seguido por Chico Lameirão, Newton Pereira e Milton Amaral. 
Vencendo Ingo a bateria e na soma total dos tempos a 1ª corrida  da Super Vê no Brasil.

Chico o 3º na geral, Ingo o vencedor e Ricardo Mansur o 2º.

Coube a Chico Lameirão a melhor volta da corrida, foi na primeira bateria com o tempo de 1.37s 29/100 recorde para categoria no Autódromo de Goiânia. 

"Nessa foto, Walter Varga me entregando o troféu e o cheque, Newton Pereira, General Elói Menezes e Stéfano Giusepe Campiglia. — com Walter Varga, Newton Pereira, General Elói Menezes e Stéfano Giusepe Campiglia em Goiânia 1974. Ricardo Mansur"


Agradeço a ajuda neste post dos amigos sempre presentes Chico Lameirão, Biju Rangel, Ricardo Mansur e Caranguejo, os três primeiros que escreveram paginas inesquecíveis da historia do automobilismo e o último que não esquece nunca nenhuma delas.
À três amigos, Miguel Crispim Ladeira que não citei em nenhum  momento do post mas foi uma figura importante escudando o Chico, Ricardo Achcar e ao inesquecível Antonio Carlos Avallone. 

Rui Amaral Jr

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Crônica de um post.

A semana passada mostrei as fotos do Biju e Ricardo dessa corrida e da última do campeonato, nos comentários o Caranguejo citou alguém que o contestava numa dessas páginas do Face que discutem corridas. Então resolvi escrever este post, no sábado pequei algumas fotos do Biju e minhas e guardei, o texto estava na cuca, ainda no sábado comentei com Biju e acabamos mudando de assunto. No domingo Lembrei das fotos do Ricardo Mansur e fui tirar uma soneca quando toca o telefone e é o Chico, conversamos longamente sobre outros assuntos e mais tarde lhe contei o que ia escrever. Aí foi uma enxurrada de informações, algumas coloquei em meu texto a maioria deixo para o dia em que ele resolver colocar suas memórias em papel. Levantando chamei o Ricardo pedi sua autorização para usar suas fotos e pedi um texto. Finalmente na segunda consegui conversar com o Caranguejo que me enviou algumas partes do texto e ainda conversei com o Chico para dirimir uma duvida e depois com o Biju.
Foi assim...

Abraços à todos.

Rui

NT: O texto do Ricardo me lembrou uma conversa que tive dois anos atrás com Amador Pedro quando ele contava da chegada de Nelson Piquet à Goiania e seus primeiros treinos sem pneus slicks...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Conta Ricardo...

Torneio BUA de Formula Ford 1970
Eu participei da primeira prova  ocorrida no Rio de Janeiro.

Vou te narrar por enquanto somente este trecho dessa epopeia
. O Antonio -Ferreirinha- estava junto.


No sábado de classificação encontramos um parafuso cravado num pistão depois que ficou impossível fazer o motor rodar regularmente. A LOLA só tinha me mandado 1 motor. O Emerson tinha 5 motores Hollbay na equipe Lotus e todos mais no mínimo 3 a 4 motores. A LOLA havia resolvido inscrever o carro DEPOIS, ela veio no transporte aéreo fretado do grupo que organizou o torneio BUA, mas veio desmontado. Eu e Antonio montamos o carro e depois a LOLA mandou um mecânico de lá para acompanhar o assunto. Foi a partir daí que nos fodemos por completo.
No sábado de classificação, como o meu motor estava impedido de rodar até o Antonio reparar para o dia seguinte eu fui ao Amadeo Girão -diretor de prova- e propus a pedido do Norman Casari que eu acertasse o carro dele que estava rodando 1:35. Propusemos igualmente que eu me classificaria com o carro do Norma Casari. Girão concordou e eu em meia dúzia de voltas coloquei o carro rodando na minha mão 1:30/6. O Norman montou na máquina e rodou 1:32 ficando se não me engano em 5º na largada da primeira bateria (eram duas baterias) feliz da vida....
Diante deste resultado o Emerson e o Luiz Bueno foram reclamar com o Girão e ganharam causa. Eu tive que largar em último lugar. Cheguei no entanto em 12º na primeira bateria.


Largada #1 Emrson e #11 Luizinho




 Emerson e Ricardo

 Ricardo e Emerson, Antonio Ferreirinha acena...
Ricardo abre um boqueirão de Emerson...

Na segunda bateria eu passei o Emerson que liderava a prova na 9º volta, abri um retão dele, quebrei o recorde da pista em 1:27.0 durante sete voltas consecutivas até chegar a essa marca que ficou como o recorde do Autódromo do Rio de Janeiro, pista inicial.

Na 18º volta acabou a gasolina...

Ricardo Achcar

NT: Voltando ao boxe comigo Marcos Sacoman estava se roendo do fato quando percebeu que era apenas a gasolina que não "haviam" completado depois da primeira bateria ou completaram de menos.

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Ilusão
" E de novo acredito que nada do que é
importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser dono das 
coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os amores que amei,
todos os amigos que se afastaram,
todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão 
de que tudo podia ser meu para sempre."

( Miguel Sousa Tavares- escritor português)



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Este texto em que Ricardo conta parte de sua história no Torneio BUA de Formula Ford, disputado no Brasil em Fevereiro de 1970, faz parte de uma intensa troca de e-mails e conversas entre nós. É apenas um pedaço, um pequeno pedaço, de uma grande história que logo vamos mostrar à vocês.
Tomo a liberdade de oferecer este post à duas grandes figuras, simplesmente dois amigos, o Antonio -Ferreirinha- e ao Marcos -Sacoman- que nos deixou à pouco.

Rui Amaral Jr   

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terça-feira, 16 de setembro de 2014

NÃO SOU CONDUZIDO, CONDUZO

Troncon - A marca SILPO no adesivo é do preparador Silvano Pozzi.
O carro de Julio Caio, de costas meu amigo Manduca Andreoni, agachado Carlão meu mecânico anos após, com a mão ao rosto Henrique Paulo pai do Julio e sem camisa Toninho de Souza.(Rui)
Ricardo Di Loreto e Benjamin "Biju" Rangel. 
Na foto a dedicatória de Ricardo ao preparador Carlos Jaqueire, cedidas à mim por seus filhos.(Rui)  


A terceira etapa da mais nova categoria de monopostos nacionais chegou a São Paulo, exibindo uma característica muito especial: o equilíbrio. Muitos pilotos, carros diferentes e resultados inesperados. Isso fora a tônica nas etapas no Planalto. Repetir-se-ia na paulicéia, a sede da maioria das equipes? Na sexta-feira, quando os times começaram seus trabalhos, adentraram à pista quatro nomes novos: Marcos Troncon e seu Polar; Julio Caio de Azevedo Marques, da Kaimann; Claudio Muller finalmente estreando seu Muller 742 e Amândio Ferreira,o Gigante, também de Polar. O número de carros no grid subia então para quinze monopostos. Mas esperava-se que o grande duelo ficasse outra vez com o trio Ingo Hoffmann-Francisco Lameirão-Nelson Piket. Nos treinos porém, Ingo confirmou a fama de rei das poles e ele, que já largara na posição de honra nas duas primeiras provas, cravou 3m04’968 e nem participou da segunda sessão. Milton Amaral foi o segundo com 3m09’913; Eduardo Celidônio em terceiro com 3m09’979; Ricardo Di Loreto em quarto, 3m10’341 e os demais. Já nesta sessão, uma baixa importante: o brasiliense Nelson Piket foi informado do falecimento de seu pai e retornou à Brasília, sendo substituído no Polar da Equipe Brasal-Induspina por ninguém menos que Ricardo Achcar, construtor dos Polares juntamente com Ronaldo Rossi. 

Benjamim "Biju" Rangel

Também nos treinos, o piloto Benjamin Rangel, que prestigia estas mal traçadas linhas, levou um susto quando seu carro teve a suspensão dianteira quebrada na Curva do S. Conta aí como foi isso, Biju. A primeira bateria foi liderada por Ingo, seguido de perto pelo repatriado Julio Caio de Azevedo Marques, que participara de algumas provas do britânico de F3. Revezando-se na liderança, os dois faziam um bloco à parte, vindo na sequência, Milton Amaral e Ricardo Di Loreto. Alguma distância e aparecia Mauricio Chulan, puxando um grupo onde estavam Benjamin Rangel, Chico Lameirão, Marcos Troncon, Newton Pereira e Ricardo Achcar. O último bloco era formado por Amândio Ferreira, Claudio Dudus, Celidônio e Ricardo Mansur, com seu motor falhando acima dos 6.000 giros. A disputa Ingo-Julio Caio terminou num impasse, já que ambos tiveram problemas e abandonaram. Ingo, com motor quebrado e Julio Caio com problemas em uma mola de válvula. Como Ingo parou na última volta, a liderança caiu no colo de Di Loreto, mas ele pegou uma mancha de óleo na Curva 3 e foi a deixa para o carioca Milton Amaral vencer com o Heve. Di Loreto ainda foi o segundo e o estreante Troncon o terceiro. Achcar terminou em quarto e Benjamin Rangel e Ricardo Mansur completaram os seis primeiros. A segunda disputa da tarde foi liderada por Julio Caio de Azevedo Marques, que saiu das últimas posições para o primeiro lugar, num começo alucinante. Veloz e azarado, Júlio Caio teve problemas com a mangueira de óleo e abandonou logo na segunda volta. Troncon, o estreante pé quente disputou com muita segurança a ponta com Chico Lameirão e eles só decidiram na bandeirada, por alguns milésimos, a favor de Marcos. 

Ricardo Mansur

Destaque-se a boa briga entre Ricardo Mansur, Milton Amaral, Celidônio e Ricardo Achcar, pela terceira posição, com vantagem para Milton. Na bateria final, Chico Lameirão foi superado por Milton Amaral e Troncon mas recuperou-se. Chico logo foi em busca de Troncon enquanto Milton tinha problemas e ficava para trás. Uma grande disputa teve lugar entre o #14 e o #16, com o carro de Lameirão apresentando uma falhação constante que não lhe permitiu “fugir” de Troncon. Assim, Chico foi o vencedor mas perdeu na soma de tempos para Troncon...por menos de um segundo. Marcos Troncon, o estreante, foi o vencedor, com Lameirão em segundo e Ricardo Mansur em terceiro; Biju Rangel foi o quarto, Eduardo Celidônio o quinto e Milton Amaral o sexto. Ricardo Achcar, após três anos afastado das pistas, soube aproveitar o carro de Piket e foi o sétimo. Em nove baterias disputadas, quatro vencedores diferentes. Lameirão continuava líder, com 19 pontos, seguido por Mansur, com 12 e Ingo, Newton Pereira e Marcos Troncon com 9. Que surpresas estariam reservadas para a etapa seguinte no Tarumã, tchê?

CARANGUEJO






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NT: O titulo deste texto  de meu amigo Caranguejo faz uma referencia ao brasão da cidade de São Paulo e ao nosso lema "NON DUCOR DUCO". Obrigado pela lembrança meu amigo.

Rui 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

D3 e os vidros quebrados

Notem a quantidade de cacos ao lado do carro de Cavallini. 

Lendo o relato de meu amigo Ricardo Mansur e depois algumas fotos do Cláudio Cavallini com o para brisas de seu carro quebrado lembrei do pessoal que morava no entorno de Interlagos e ficava jogando pedras nos carros do muro da curva Três e pelo relato do Ricardo também na Junção que era se tanto duzentos metros adiante da Três.
Comentando agora cedo com o Duran ele disse que teve o mesmo problema que o Ricardo, com a porta estufando após a quebra do parabrisas, e exagerado como sempre disse que trocou a maçaneta original do Fusca por uma tranca de porteira para evitar que a porta abrisse em corrida! Eu, bem mas modesto,rs, também usava uma tranca dessas de correr, porém um pouco menor.
Acontece que nossos carros eram aliviados de seu peso ao máximo permitido no regulamento, seu interior era todo furado com aquelas serras largas e as portas tinham apenas as molduras, tendo todo o resto retirado, ficavam muito leves e era muito fácil entortarem. Como os vidros, fora o dianteiro, eram trocados por acrílicos, no meu caso com apenas um buraco para refrigeração ao lado do piloto, quando quebrava o vidro dianteiro o ar não tinha por onde sair!
Lembro perfeitamente de certa vez em 1978 ou 79 que ao chegar na Três no meio de um bolo de carros tive meu vidro dianteiro estourado, primeiro o susto pois aquela freada era “delicada”, depois a dificuldade em engatar as marchas e frear, pois como contou o Ricardo cacos de vidro entravam na pedaleira dificultando tudo.

 No carro do Cavallini o interior livre de todo revestimento e com o acrílico totalmente fechado.  
O Cavallini com a viseira aberta, eu usava ela no meio do visor.
 Na curva Um ou Dois, acredito ser o bi campeão da categoria Arturo Fernandes atrás.  

No carro do Edson 

O carro de Ricardo Bock, de costas Manduca Andreoni e ao seu lado Claudia mulher de Adolfo Cilento.
Ricardo na Ferradura com o vidro quebrado passa por Tide Dalécio que rodou, Duran no azul...
Luiz Eduardo Duran, antes de colocar a "tranca de porteira"! Exagerado meu amigo!!!
O 27 de Ricardo e lá atrás meu carro...

O tamanho da vigia para respiração era pequeno, minha mão mal cabia...
Comecei o post escrevendo sobre os vidros quebrados e para variar descambei para os amigos e por falar neles nesta foto um monte deles! Quarta fila do grid Duran 13º, Adolfo Cilento 12ª e eu em 11º, atrás Alex Silva, Fabio Levorin, Dimas, Sueco, João Lindau, Ricardo Bock, Arthur Cruz... 



Eu usava um capacete Bell Star e como uso óculos corria com a viseira parcialmente aberta, havia trocado os pino plásticos que seguram a viseira por torneados em alumínio e usava uma trava, não lembro se de pistão ou outra para segura-lá, fora isto mantinha ela parcialmente fechada usando uma fita adesiva, e quando o vidro se quebrava apenas a abaixava, depois do susto.
Era assim, gostoso demais pilotar esses pequenos notáveis, que de um robusto carro de trabalho e passeio transformávamos em verdadeiros carros de corrida...e gostoso demais dividir hoje nossas lembranças com os amigos queridos com quem tantas aventuras dividimos nas pistas e fora delas e hoje a cada dia que nos encontramos além de Graças à Deus renovarmos a amizade rimos à vontade de tudo que vivemos...fora os exageros do Duran!

Ao Ricardo Mansur, Cláudio Cavallini, Luiz Eduardo Duran e todos amigos que participaram dessa categoria maravilhosa!

Rui Amaral Jr

Fotos do arquivo de Cláudio Cavallini, Luiz Eduardo Duram. 

no link Ricardo conta de seu vidro quebrado.