A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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terça-feira, 10 de novembro de 2020

Uma volta no Circuito de Tarumã com Pedro Garrafa

 

Pedro e o VW D3...

Caro amigo Rui

 

Como não poderia deixar de ser um pedido do Rui, para mim, torna-se uma ordem.Olhem só o que ele me pediu: uma volta pela pista de Tarumã-RS, o circuito mais rápido do Brasil.

Vou tentar relatar uma volta com a experiência que tive com os Speeds, pois na época em que corri lá foi exatamente com o meu Speed 1600, ainda com motor a ar.

Fazer uma viagem saindo de São Paulo, para o Rio Grande do Sul, para correr,pode até parecer para alguns pura loucura, ainda mais puxando uma carreta com um carro de corrida, um monte de tralhas como: motor, cambio, rodas com pneus e mais um monte de peças de reserva, percorrer mais de 1.300 kms, só de ida, pois tem também a volta a mesma distancia, e lembrando somente com recursos próprios, quero dizer sem patrocínio nenhum, realmente é só para quem é louco e muito apaixonado pelo que faz e pelas corridas. Não deixa de ser uma emocionante e cara aventura, mas eu fazia isso com o maior prazer (pois tudo o que vi e participei jamais conseguirei esquecer), e também por profissão. Quero dizer, eu conseguia unir o útil ao agradável, pois não só das corridas eu vivia, e sim da venda dos produtos que fabricava e negociava, e também dos carros que montava, isto é, eu fazia de um hobby a minha profissão, e foi assim por um bom e inesquecível tempo, que me levou a conhecer e andar em todos os autódromos do Pais, que existiam naquela época.

Para uma viagem dessas saímos de São Paulo já na madrugada da 3º feira, pois tínhamos uma longa distancia a percorrer, contando também com possíveis imprevistos na estrada, onde praticamente passávamos durante dois dias viajando, com chegada na pista prevista para a 5º feira. Primeiros passos e contatos feitos com a administração da pista e Federação local, partíamos para reconhecimento da pista, alojamento para todo o material e veículos e também hospedagem para mim e equipe.

Para nossa alegria e sorte, o pessoal do Sul em geral, é altamente hospitaleiro e amigável, por isso que lá se pratica um automobilismo INCOMPARAVEL, a qualquer outro estado no Brasil, (não querendo desmerecer nenhum dos outros estados que tive a oportunidade de estar e participar de provas). É que eles tem muita tradição, eles tem o automobilismo no sangue e no coração, igual a eles não existe outros. Digo isso porque, quando da ocasião dessa corrida fomos muitíssimo bem recebidos por todos de lá ( evitarei citar nomes, pois foram tantos e corro o risco de esquecer de alguém), mas tem um que não posso deixar de citar o inesquecível e querido amigo, o preparador Hamiltom, que nos acolheu como verdadeiros irmãos, e também porque eu era o único louco que vinha de São Paulo para participar com eles de uma prova em Tarumã-RS.

Convém lembrar que na época meu Speed, obedecia ao regulamento paranaense, que era bem diferente do regulamento gaúcho, portanto para me enquadrar e ter condições de participar juntamente com os demais, tive que efetuar algumas modificações em meu carro, portanto tive que também tomar emprestado um jogo de rodas e pneus aro 13, pois originalmente eu corria com aro 14.Não precisa nem dizer que o  comportamento do carro tornava-se bem diferente, inclusive até mais rápido, porem não podia fazer muita coisa pois alterava-se também a relação de cambio, que não pude mexer, então tive que me adaptar com o que tinha no momento.

 

Vamos então para uma volta na pista mais rápida do Brasil:

 

-Saindo dos boxes, já adentramos na reta de chegada bem próximos a temida e assassina curva 1 (lembrem-se do Giovanni Salvatti e alguns outros), ainda não temos uma noção de giro nem velocidade, pois estamos começando a acelerar.

-A curva 1 além de ser longa e de altíssima velocidade, é também desafiante e temida pela maioria dos pilotos, pois no nosso caso (obedecendo as características técnicas do carro utilizado) tem que ser feita em 4º marcha e com o pé embaixo, pois já estamos vindo na reta em descida e no embalo, é só dar uma pequena aliviada, apontar o carro, sentir se está seguro, e cravar novamente o pé embaixo, trabalhando o volante para dentro, pois ela te joga para fora, fazemos ela a aproximadamente 186/188 kms p/hora a um giro de quase 6.100 rpms.

-Breve alivio na reta pequena que antecede a curva 2, só dá para dar uma rápida olhadinha nos instrumentos, e continuamos acelerando sempre em 4º marcha, seguindo para a curva 3, também suave e rápida, e nessa altura com o motor cheio, giro alto a aproximadamente 5.500 rpms.

-Estamos a frente na entrada da Curva do Laço, freiada forte e redução brusca, alias a única, pois seguindo adiante é só pé embaixo, praticamente sem mudança de marcha, logicamente dependendo do carro e de como o piloto poderá mantê-lo dessa forma.

-Saindo da Curva do Laço, um trecho de duas curvas bem suáveis, a curva 5 e a curva 6, praticamente retas e rápidas, que antecede a temida Curva Tala Larga.

-A Tala Larga, é um cotovelo em descida, onde exige-se grande perícia e sangue frio dos pilotos. O giro é bem instável, e não se dá tempo nem de ler os instrumentos, a concentração tem que ser total, pois um instante de desatenção, coloca todo o trabalho da volta em risco e consequentemente na corrida também.

-Feita a Curva Tala Larga , entramos num pequeno trecho também rápido, que antecede a curva 8, giro alto aproximadamente 5.800/5.900 rpms.

-Estamos na entrada da curva 9. Curva bastante desafiante, pois também tem redução brusca, não se pode deixar o motor cair de giro, e será preciso entrar e contornar bem ela, para se poder sair também em velocidade boa, pois a mesma antecede a reta de chegada que tem um trecho em subida, depois muda para descida, giro constante na entrada da reta em torno de 5.900 rpms, e pé embaixo ,aproximando-se da descida, ponto de altíssima velocidade, e tendo pela frente mais uma vez a temida curva 1.

-A volta é tão rápida, que parece que o circuito é pequeno, porem super desafiante e agradável de se pilotar, e também impossível de se esquecer.......

 

Claro que hoje a época é outra, os carros são ainda muito mais rápidos, eficazes e seguros, mas tentem imaginar a quase 20 anos ou mais atrás, como era empolgante e maravilhoso pilotar numa pista dessa, sem muita tecnologia e sem muito recurso, apenas no braço , apenas na raça e na vontade de se fazer o melhor a cada volta.

 

É impossível de se esquecer, e quem teve a sorte de viver isso jamais esquecerá.........

 

PEDRO GARRAFA


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 Abril de 2011, pedi ao meu grande amigo Pedrão, pequeno por fora mas um gigante de alma e coração, que nos contasse como pilotava no Taramã, eis a resposta...

Fraterno abraço Pedrão

Rui Amaral Jr


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Campo Grande Terra dos Coroneis. Por Pedro Garrafa

 Pedro


Prezado amigo Rui

Já faz um bom tempo que não lhe escrevo nem lhe envio nada, mas hoje me veio inspiração para lhe contar um breve  "Causo"que aconteceu comigo quando comecei as negociações para iniciara a Categoria Speed 1600 em Campo Grande-MS.
Não preciso nem dizer das dificuldades que foram para se conseguir implantar tal categoria nessa cidade, mas o importante foi que consegui, portanto eu vou contar em poucas palavras e resumindo um pouco toda a historia que me envolveu nisso.
Em meados dos anos 2001 e 2002,comecei as negociações com a Federação local, que por sinal verdade seja dita, pessoal altamente educado e atencioso, sinônimo de profissionalismo e competencia, fui tão bem recebido e bem tratado, que me sentia como se estivesse em minha propria casa, posteriormente ganhei até uma menção de reconhecimento concedido pela Camara dos Vereadores locais.Tudo acertado para iniciar-mos a categoria Speed 1600, tive a dificil , porem agradável missão de vender os carros para os pilotos interessados,o que parecia urubu em cima de carniça, pois eu particularmente não dava tempo nem conta de arrumar tantos carros para venda ao pessoal que queria participar da categoria, mas como tudo o que é bom dura pouco a minha mamata logo foi sendo diminuída com a concorrência de outros preparados que logo descobriram a minha galinha dos ovos de ouro, dai por diante as coisas foram ficando mais difíceis, pois a concorrência tornava-se até desleal, mas para mim foi até que recebida com bom grado, pois estava muito difícil eu atender a procura de tantos carros, a demanda estava menos que a procura.





Pedro com seu filho Diego ao volante. 

E foi ai que me aconteceu uma historia até que hilaria, porem na época me deixou bastante preocupado.
Como eu estava com minha sede em Londrina -PR , ir até Campo Grande-MS não era tão perto nem tampouco tão longe levando-se em consideração a distancia de São Paulo a Campo Grande, cerca de mais de 1.200 kilometros, porem a distancia de Londrina até Campo Grande chegava ser por volta de mais de 750 kilometros de estradas difíceis, perigosas e intermináveis, alem de pouco habitadas, pois se acontecesse qualquer problema com o carro de transporte e carreta, o socorro era bem difícil e sofrível.
Logo nas primeiras viagens a missão mais difícil era encontrar um caminho que melhor oferecia condições de se chegar a Campo Grande com o equipamento e carros inteiros, pois as estradas eram pessimas e os caminhos alternativos eram vários, e assim a viagem alem de ser cansativa tornava-se uma verdadeira aventura, e foi assim que me aconteceu o alvo desta narrativa.Em uma viagem para levar um carro que já estava vendido a um senhor que eu vou afetuosamente denomina-lo de CORONEL, eu fiz um caminho alternativo e fui sair em uma determinada parte do caminho na beira do Rio Paraná, mais conhecido como Paranazão, e como mostra em duas fotos postadas, aonde estou carregando na carreta um Speed 1600 AMARELO....e assim sendo nós teríamos que fazer a travessia pela balsa,para chegar-mos a  divisa de Estado entre Parana e Mato Grosso do Sul, isso sem contar que o fuso horario  em Mato Grosso é diferente do Paraná e São Paulo, resumindo aguardamos anciosamente a travessia da Balsa a beira do caudaloso e gigantesco rio Paranazão, na cidade que eu nem lembro mais o nome, mas era próxima de uma cidade chamada Nova Londrina, porem o que interessa é que depois de uma longa espera , pois a balsa só fazia a travessia em determinados horarios, e ainda por cima tinha-mos que aguardar que a mesma atingisse lotação quase que total, senão ela não poderia partir para a travessia,mas tudo bem , chegou o tão esperado momento da travessia, nas águas revoltas e turbulentas do Rio Paranazão.




Feito a travessia fomos deixados do ouro lado da margem a beira de uma estradinha de terra que mais parecia uma estrada vicinal de uma fazenda, portanto estava-mos eu e meu mecânico apenas com minha caminhonete, a carreta e o Speed AMARELO, perdidos num solo desconhecido, com fuso horario diferente, sem nenhuma placa de orientação, sem nenhuma viva alma que pudesse dizer aonde nós estava-mos e sem nenhum conhecimento do destino a seguir.Mas acho que naquele momento DEUS teve misericórdia de nós e nos mandou que seguisse-mos em frente, e assim o fizemos....porem quando já tinha-mos percorrido mais  de  50 kilometros, pela aquela estradinha de terra vermelha que doía até os olhos, eis que à nossa frente vemos uma nuvem mais vermelha ainda se aproximando de nós....eu até pensei na hora...será que estamos entrando no inferno sem saber e sem merecer? porem para nosso consolo, quando a nuvem nos atingiu, vimos que não era apenas uma simples nuvem de poeira vermelha, era uma" boiada interminável" que se dirigia contra nós....não precisa nem dizer o medo e o sufoco que passamos ao enfrentar aquela "boiada" bem a nossa frente e contra nós, só faltou os bois subirem em cima do capô da minha caminhonete, e eu fiquei estarrecido e imobilizado com a mão travada na buzina os faróis todos acesos, e o motor acelerado......foi uma eternidade não acabava mais de vir tanto boi na minha frente, eu nunca tinha visto ou passado por coisa semelhante, mas depois de uma agonia de mais de 30 minutos a boiada passou e eu nem sai para fora para ver o prejuízo, também não dava para ver nada, pois o carro, quero dizer os carros e a carreta tinham simplesmente mudado de cor, agora em vez das suas cores naturais ele eram todos marrom.
Mas mesmo ganhando essa nova cor continuamos a viagem sem saber para onde iria-mos, eu creio que estava-mos simplesmente perdidos sem rumo, mas essa agonia durou só mais 20 kilometros, pois após termos percorrido mais de 75 kilometros nessa dura estradinha eis que surge uma luz no fim do tunel....a civilização....que alegria para nós, que já nos considerava-mos perdidos.
Fomos adiante, pois tinha-mos a missão de entregar para o futuro comprador o Speed AMARELO, só que tinha um pequeno detalhe, será que o Coronel vai gostar da cor nova do Speed?eu acho que ele não iria gostar, então passamos por um posto de gasolina e pedimos para que o frentista lavasse os carros, para pelo menos chegar-mos nas cores naturais deles, e assim foi feito, não sei se foi uma boa ideia, pois a lavagem não ajudou muito, mas fomos adiante, depois de centenas de kilometros percorridos, estava-mos chegando a Campo Grande e nos dirigimos ao endereço do CORONEL para fazer a entrega do tão esperado Speed AMARELO, que nesse momento já não era tão amarelo como pretendia-mos.Foram momentos de tensão, pois sabia-mos que o CORONEL era uma pessoa muito exigente, mas não tinha-mos outra saida ou enfrentava-mos a fera ou voltava-mos para nossa casa.Mas a ousadia e a coragem tomaram conta de nós e fomos adiante.Finalmente chegamos ao endereço do CORONEL, que demorou um bocado para nos atender, mas finalmente ele aparece, com aquela pose de General e não mais de Coronel, nós trememos as pernas, pois ele veio a nós como um furacão,nem nos comprimentou, deu uma volta na carreta, olhou de uma forma surpreendentemente furioso, e nos fez a seguinte pergunta: FOI ESSA MEEERDA QUE VOCES ME TROUXERAM??????
Pronto a casa e nós caimos, pensei até que seria-mos presos......e para piorar ele não quis ficar com o carro, batemos boca, tentamos explicar-lhe por tudo o que passamos, mas ele não quis conversa e nos tocou dali como se fosse-mos dois bandidos....
Mas como eu sou uma pessoa muito persistente, não desisti e como tenho sempre DEUS a meu lado, parti sem rumo , sem conhecer a cidade, pensando o que eu faria com aquele carro supostamente amarelo, não foi preciso eu andar muito, e para minha surpresa fui abordado por um rapaz que pediu que eu parasse pois ele pretendia ver o carro, moral da historia ....não só vendi o carro para o rapaz como ganhei um amigo em Campo Grande......só por DEUS mesmo.

Pedro Garrafa

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Você precisa escrever mais Pedrão, seus textos são ótimos, imagino tudo que passou!
Um abração meu amigo e obrigadão.

Rui Amaral Jr 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Cascavel.


Vídeo que recebi ontem de meu amigo Milton Serralheiro mostra toda força do automobilismo praticado no Paraná vinte anos atrás, vendo fiquei me perguntando quando voltaremos a ter um automobilismo praticado da mesma forma. Aqui mesmo temos vários relatos de meu amigo Pedro Garrafa  mostrando a beleza deste automobilismo. 
Aos amigos Miltinho, Pedro e Piero Tebaldi meu muito obrigado e um forte abraço.


Rui Amaral Jr

 Milton e Joacir...
...fazendo pose!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Pedro Garrafa


 Hot Fusca de Pedro Garrafa

 O carro que Sylvio Paes está restaurando


Ingo Hofmann e sua Brasília D3.
 Diogo Locatelli
 Dilso Sperafico




O carro de Luiz Antonio "Teleco" Siqueira Veiga recriado por Guilherme Decanini e Ítalo Adami. 



  
Rafael Bock, Guilherme Decanini, Luiz Eduardo Duran e Ricardo Bock. 
 Na fazenda do Dimas, Guilherme Decanini ao lado de Ítalo Adami que foi o dono da Autozoom e junto com Robertinho fizeram o foguete do Teleco na década de 1970. 

 Um campeão no carro de outro; Arturo Fernandes se prepara para algumas voltas, ao lado seu neto João e Rui.
 Dimas
 A fera na pista, todos olham admirados!


Atendendo um pedido especial do meu amigo Rui Amaral....

Tudo na vida passa, mas tem coisas que jamais esquecemos, ou momentos que são impossíveis de não serem lembrados novamente.
Dentre esses momentos cito um que marcou uma geração....a época de ouro do automobilismo nacional....a saudosa época dos DIVISÃO 3  E HOT CARS.
Por mais que se crie novas outras categorias como fazem atualmente, nenhuma , mas nenhuma mesmo se equipara em carisma e atração a tão exuberante categoria dos PINICOS ATOMICOS.
Não foram só os fuscas a principal atração da categoria, pois a mesma era composta de diversos outros tipos de carros da época, como a Brasilia,o VW 1600 4 portas (mais conhecido como Zé do Caixão),o Passat, o gol (quadrado como era tratado na época), o Voyage, o chevette, o opala nas duas versões (duas e quatro portas), o Maverick, o Fiat 147, e até um Dodjão (que por sinal era maravilhoso e foi considerado um dos carros mais bonito na categoria), e mais alguns outros poucos modelos que faziam apenas apresentações eventuais.
Pode-se dizer também que a categoria passou por três fases em todo o seu período de existência.A primeira fase considerada a fase romântica da categoria, pois era composta por Opalões brutalmente(no bom sentido)preparados e alguns outros tipos de carros de pouca expressão, teve até Galaxie 500 nos grids, juntamente com alguns heroicos fusquinhas, ainda pouco desenvolvidos. Entrando na segunda fase, foi a dominação dos fuscas, já absurdamente preparados, verdadeiros canhões, os quais além de terem a preferencia popular, eram então os preferidos pelos ´pilotos, por isso eu considero essa segunda fase , como a fase heroica, pois precisava ser muito piloto e muito corajoso para se pilotar esses canhões, que mais pareciam verdadeiras cadeiras elétricas, e nessa mesma fase começaram então a surgir a Brasilia, oVW1600, o Chevette, alguns Opalas e até os Maverick V8.Já na terceira e ultima fase, além dos já citados na segunda fase, surgiram então os Passats, os Voyages, e os Gols quadradinhos, dai então a categoria passou a chamar-se de HOT CARS.
Em plena ascensão e destaque a categoria além de chamar atenção dos amantes, chamava também a atenção dos que nem conheciam o que era automobilismo, o que por sinal infelizmente foi alvo de uma emissora de televisão (não dá para calar-se e esconder a REDE GLOBO), que decretaria o triste fim e a extinção da categoria.Porem esse é um assunto que prefiro nem me aprofundar, não quero dar apoio e nem ibope a essa tão desprezível emissora, que trata o automobilismo como coisa para idiotas apenas.
Porem no momento convém  lembrar e citar aqui a heroica iniciativa de alguns pilotos, que já fizeram parte desta e de outras categorias, assim como eu mesmo, em não deixar que as paginas douradas de nosso tão rico e pobre ao mesmo tempo automobilismo, seja esquecido, quero dizer com isso que fico feliz ao ver que em alguns pilotos ainda existe o idealismo e a iniciativa de jamais deixar morrer ou ser esquecido o verdadeiro automobilismo nacional. Convém citar aqui alguns feitos: Começando pelo excelente trabalho de resgate e recuperação de nosso piloto e amigo Orlando Belmonte de São Paulo, que recuperou com um árduo e eficaz trabalho seu próprio divisão 3 da época quando corria, e que hoje tornou-se o único carro restante original recuperado, que temos registros.Isso sim é idealismo e trabalho que merece todo o nosso respeito e parabéns, pois em breve nós que já vivemos isso em épocas passadas, e aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ver e conhecer, o veremos novamente nas pistas....Outro que convem citar é o trabalho e a realização de um sonho do Guilherme Decanini também de São Paulo, que teve a brilhante ideia de recriar a primeira e também uma das mais sensacionais replicas de um divisão 3 já construídas desde aquela época, o fusca da Autozoom pilotado por grandes nomes como Teleco e Alfredo Guaraná Menezes.Esse eu posso dizer com toda autoridade que foi a realização de um sonho, pois participei do inicio dele dando o pontapé inicial, pois a transformação e caracterização do fusca para o modelo da Autozoom, partiu-se de um divisão 3 que eu vendi para o Guilherme, que muito empenhado no projeto não mediu esforço nem sacrifícios para realiza-lo, e posso dizer também que foi muito trabalho para se chegar a esse projeto atual, mas corajosamente em momento algum o Guilherme Decanini demonstrou que iria desistir, e hoje gloriosamente já poderemos também em breve ver em nossas pistas, essa que é uma das mais espetaculares replicas já feita até o momento.
Mas como a categoria Divisão 3 era uma das mais sensacionais do automobilismo nacional, ela não ficou só em São Paulo, foi também para outros estados como Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Recife.De tanta repercussão felizmente hoje temos noticias que em mais outros estados já estão produzindo novas replicas e reformando , e reconstruindo outros que já marcaram época em nossas pistas, convem citar mais dois deles: um do Sylvio Paes de Recife , que já se encontra em reforma e reconstrução, e outro em Blumenau SC ,o do Diogo Locatelli que além de ser uma reconstrução também, pois partiu de um antigo divisão 3, será um carro totalmente revolucionário, porem sem perder a essência de um fusca divisão 3.Tenho acompanhado o projeto e garanto que será algo FANTÁSTICO, é só nós aguardar-mos pois com toda certeza iremos nos maravilhar com um projeto belíssimo.
Convém lembrar também que temos uma réplica da gloriosa Brasilia D3 pilotada pelo campeonissimo Ingo Hoffman, que de vez em quando também aparece na pista de Interlagos, e eu estou sabendo também que o Dílson Sperafico também recuperou seu Hot Fusca=Div.3 ( no Paraná).Assim era chamada a categoria Divisão 3 no Paraná de HOT FUSCA, da qual eu particularmente também fiz parte e tenho meu divisão 3 até os dias de hoje.Portanto ainda poderemos considerar que temos mais um divisão 3 para abrilhantar as pistas deste Pais, só me falta incentivo para isso.Sei também que no Rio Grande do Sul ainda temos mais alguns div.3 completamente preservados e atualizados, isso feito pelo nosso amigo Fossá.
Já que estamos nesse embalo por que não nos motivar-mos a recuperar mais alguns,ou a fazer novas réplicas........E PORQUE NÃO RENASCER DE NOVO........


Pedro Garrafa. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Fala Pedro...

Caro amigo Rui, já faz tempo que não lhe escrevo nada, não somente pela falta de tempo mas principalmente pela indignação de tantos absurdos que tenho visto e acompanhado neste Pais, o que me desmotiva de lançar minha opinião e minhas palavras de consolo, porem  como todos já sabem não sou jornalista, nem redator, nem comentarista, mas sou sim um esportista escandalizado com tantas banalidades que tenho visto atualmente. Mesmo assim com toda essa decepção vou relatar aqui alguns fatos que me deixam chocado com tanto descaso.
Raramente se vê pela mídia televisiva algum piloto de competição ser entrevistado em talks show ou qualquer outro programa de entrevistas, agora quando se trata de um jogador de futebol tem até edição extra com interrupções para flashes instantâneos. Recentemente tivemos a vitória de um brasileiro na mais sensacional e fantástica corrida de automóvel do mundo, as 500 Milhas de Indianápolis, porem pouco se falou e se mostrou o feito e a gloria desse brasileiro. Será que piloto de competição é profissão marginalizada? Enquanto pagamos para dar espetáculo arriscando nossas vidas na pista, pois o esporte que praticamos é de risco, muito maior que o risco do futebol, será que o palhaço do circo paga para fazer parte do espetáculo? Será que o jogador de futebol paga para jogar, para cuidar da saúde com os melhores médicos do país, será que paga as viagens para todo o pais e até fora dele, será que paga toda a alimentação e a estadia nos melhores hotéis das cidades? Estão vendo quantos absurdos a gente tem que assistir...Não sou contra o futebol muito pelo contrario, gosto até demais e acompanho também, mas são  muitos absurdos e muita desigualdade praticada que fico indignado de ver tanta coisa errada. Outro exemplo mais gritante ainda, foi a destruição (ou o loteamento) do Autódromo de Jacarepaguá, e a reconstrução do novo Maracanã, será que os cartolas futuramente também irão lotear a área que está construído o novo Maracanã?
Hoje se endeusa ídolos como Neymar e esquecem de Senna, Emerson, Piquet e tantos outros. Quantas vezes assistimos entrevistas ou participação desses heróis na televisão aberta?
Corrida de carros e pilotos só são noticias quando tem acidentes fatais.
Até quando nós os pilotos de carros de corridas seremos discriminados? Eu acho que isso também é booling.
É muito triste ver tantos talentos da pista simplesmente esquecidos, homens que sempre com muito heroísmo, dedicação e trabalho também levaram o nome deste Pais às alturas.
Mas como aqui é o pais do futebol e dos absurdos, temos que nos contentar com todo esse lixo que somos obrigados a engolir, e fazer vistas grossas aos descasos e aos pouco casos de tantas vulgaridades nos dias de hoje.
Enfim eu teria muito mais assunto e muitos mais absurdos para escrever, mas deixo que a própria consciência de todos os que lerem este artigo, façam suas próprias criticas e análises.
Preciso falar mais alguma coisa?
Crônica de um ex-piloto que fez de um hobby a sua profissão.

Pedro Garrafa



 3 Horas de Londrina, de cabelos brancos e "uma certa barriguinha" Carlos Jaqueire...
 3 Horas de Londrina

  500 Milhas
 Amanda


 Pedrão aprontando!

 À esquerda Nando Jaqueire e Pedro ao lado do ídolo Camilo Christófaro, dois batalhadores de nosso automobilismo...


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Tantas vezes aqui falo/escrevo sobre a difícil lida de nosso automobilismo, e hoje após ficar alguns dias longe da Internet recebo este relato do Pedrão.
Na semana que passou vibramos com as vitórias do Heitor e Francis, ainda com a de Tony em Indianópolis  mas a grande verdade, como mostra o Pedro, é que nosso automobilismo é feito sobretudo por abnegados, gente que ama o esporte e tal como meu amigo fica indignado com todo estado de coisas que nele acontecem, ou deixam de acontecer.

Como digo sempre ao Pedro e meu amigos; um putabraço Pedrão e à todos.

Rui Amaral Jr 



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O AUTODROMO DE CASCAVEL E A SAUDOSA PROVA CASCAVEL DE OURO


Quando falo de Cascavel, sinto até um friozinho na barriga, mas de satisfação e não de medo, pois foi nesse autódromo que sem duvida nenhuma passei grande parte das minhas melhores emoções nos meus tempos de automobilismo.
É gratificante e super prazeroso saber e ver que esse tradicional autódromo foi ressuscitado e revitalizado com muito empreendorismo e boa vontade daqueles que realmente gostam e sabem discorrer sobre automobilismo, enfim um ato de muita coragem e heroísmo de todos os envolvidos nessa empreitada, que sem duvida nenhuma deve servir de exemplo a todos os demais Estados, e administradores dos autódromos deste Pais, e que jamais façam o que está sendo feito no autódromo do Rio de Janeiro, que agoniza e já está condenado por essa corja de cartolas inúteis e ávidos de lucros, sem escrúpulos, sem memória e até sem sentimentos, enfim sem moral e sem vergonha. Ficaria aqui horas e horas descrevendo adjetivos para essa cambada e eles poderiam até pensar que eu os estava elogiando.




Mas quero falar também que alem do renascimento e revitalização do Autódromo de Cascavel, seria bom também que retornassem com a tradicional prova Cascavel de Ouro, que sem duvida nenhuma era uma das mais tradicionais e empolgantes provas do Calendário Automobilístico Brasileiro e não apenas Paranaense, pois nessa prova se encontravam pilotos de varias regiões e estados, e até de fora deste Pais.
Enfim essa era uma prova aonde corriam com todos os tipos de veículos , de varias categorias e de vários estilos, desde o mais antigo até o mais moderno. Em uma mesma prova podia-se ver desde o piloto profissional, até o amador, desde que devidamente documentado, é claro, e quero dizer que tanto o amador (que não participava regularmente de campeonatos), quanto o profissional tinham a mesma atenção e o mesmo valor por parte dos organizadores e diretores de prova. Enfim era uma verdadeira festa de confraternização, era um espetáculo digno do nome "Cascavel de Ouro".
Portanto quando se fala de uma prova desse porte parece que a saudade é muito maior, pois nessa época que eu participava, contava-mos os dias para estar lá presente nesse espetáculo, e ainda mais gratificante era saber que fazíamos parte desse espetáculo.
A preparação para essa prova começava muitos meses antes, com treinos esporádicos e com revisões constantes nos carros para que nada de errado acontecesse, enfim era trabalho duro muito tempo antes da prova, pois sempre queria fazer o melhor possível, já que a prova era de muita importância e muito destaque não só na mídia como também na Cidade, que nos recebia calorosamente e com muita hospitalidade.






Em uma edição que no momento não sei exatamente precisar o ano se foi 1993 ou 1994, fui participar com o meu protótipo, e tenho algo a lhes contar bastante interessante e também bastante trágico para mim, pois passei por um acidente incrível e inesquecível, enfim um fantástico acidente que para mim ficou marcado como trágico e humorístico ao mesmo tempo.
Para quem não conhece ou nunca andou no traçado de Cascavel (que felizmente foi preservado, ao contrario de Interlagos que infelizmente foi destroçado), a pista é sensacional com retas curtas mas fantásticas (apesar de poucas) e curvas maravilhosamente desenhadas e bastante desafiadoras, destacando-se a curva do Bacião, sendo a mais desafiadora curva de todos os demais autódromos do Pais, basta dizer que é preciso ter muita coragem e fé para fazê-la bem feita, ou melhor quase que com o pé embaixo, pois ela apresenta três tangencias numa mesma curva, o que é simplesmente fantástico pois exige uma concentração fora do comum para fazê-la bem feita.



E foi nessa desafiante curva que me aconteceu um também fantástico acidente, pois durante a prova, que por sinal eu estava bem colocado, ao entrar nela me furou um pneu dianteiro esquerdo do meu protótipo. Não sei exatamente a que giros estava, mas creio que por volta de uns 6.200 a 6.300 rpm, num ponto de bastante velocidade, pois foi bem na entrada da curva e final da reta (que hoje é a nova reta dos boxes),com o estouro do pneu meu carro ficou parecendo um pião e girava em seu próprio eixo de uma forma quase que interminável, não sei exatamente quantas voltas eu dei, mas o carro não parava de rodar e num determinado ponto, devido a saída da pista, o carro foi se despedaçando, ou melhor foi perdendo partes, e uma delas foi justamente o assoalho que era de alumínio, que foi o primeiro a se soltar, e foi assim que no continuar das rodadas eu senti meu traseiro esquentando, foi por causa das raspadas no chão que chegaram a atingir o fundo do meu banco, então fiquei super preocupado, achando que o carro estava pegando fogo, o que felizmente não aconteceu, mas uma coisa eu tinha certeza, que estava queimando o meu traseiro, isso estava. Então a única saída era rezar para que o carro parasse e eu pudesse sair, o que foi uma espetacular saída rápida, pois quem tem C....tem medo, e eu não queria sair com o meu queimando. Felizmente tudo ocorreu de uma forma que só tive prejuízo material, e já saia pensando na próxima edição dessa sensacional prova, que mesmo com o traseiro queimado eu com certeza estaria lá novamente. Até o ano que vem.....
Pedro ajuda seu filho Rodrigo












Pedro Garrafa

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Pedrão, meu amigo, muito obrigado, todo de bom e um forte abraço!

Rui