A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Há 50 anos - Canada 1973 - Por Ronaldo Nazar

-Emerson Fittipaldi recebe a bandeirada do vencedor, com Colin Chapmann jogando o seu boné para o ar. De nada adiantou, o vencedor segundo a organização da prova foi o americano Peter Revson.    

Em 23 de setembro de 1973 era disputado o GP do Canadá de Fórmula 1. Penúltima etapa do campeonato. Em disputa o vice campeonato mundial. Emerson Fittipaldi, Ronnie Peterson e François Cevert , concorriam ao título. Jackie Stewart tinha sido tri campeão mundial em Monza. Nessa corrida fatos históricos e pitorescos aconteceram. Foi a 1ª corrida em que entrou em ação o "safety car" , ou carro madrinha. Foi também nessa corrida que François Cevert e Jackie Stewart disputaram seu último grande prêmio. Foi a 2ª e última vitória de Peter Revson. Foi a última vitória do patrocinador Yardley na F1. Além de tudo a vitória de Peter Revson foi amplamente contestada pela equipe Lotus, já que não havia ainda a cronometragem eletrônica (era tudo feito à mão), segundo a equipe Lotus, juntamente com a BRM e Shadow, o vencedor teria sido Emerson Fittipaldi. O resultado só foi confirmado 4 horas após o término da corrida. Peter Revson da McLaren foi declarado o vencedor, Emerson Fittipaldi o 2º colocado e Jackie Oliver o 3º. O campeão Jackie Stewart finalizou na 5ª colocação, resultado esse que teria sacramentado o título de 1973 de qualquer jeito, independente do resultado do GP da Itália. 

A largada... Ronnie Peterson parte da pole position tendo ao seu lado o sul africano Jody Scheckter que retornava ao cockpit da Mclaren, depois do GP da Inglaterra. Na segunda fila o argentino Carlos Reutemann com Brabham é seguido por Peter Revson e François Cevert no Tyrrel nº 6.Emerson Fittipaldi aparece à esquerda atrás de Peter Revson, seguido por Denny Hulme.


Foto histórica.... Os três pilotos desaparecidos precocemente... Peter Revson, morto em acidente em Kyalami em fevereiro de 1974, François Cevert morto durante os treinos para o Gp dos EUA 1973 e José Carlos Pace morto em acidente de avião em 1977.

Niki Lauda acaba de ultrapassar Ronnie Peterson e assim , lidera pela 1ª vez um GP de fórmula 1. Foi também a última vez que um BRM liderou uma corrida de F1. Atrás dos dois, o Mclaren de Jody Scheckter.

Após a largada , Ronnie Peterson lidera seguido de Jody Scheckter , Carlos Reutemann, Emerson Fittipaldi, Niki Lauda e Denny Hulme.

Nas primeiras 20 voltas o austríaco Niki Lauda andou muito. Largando da 8ª posição , já estava na 2ª posição na 2ª volta , qdo ultrapassou o sueco Ronnie Peterson. Liderou até a 19ª volta. Aí foi pro box trocar os pneus voltou na 5ª posição , abandonando a corrida na 62ª volta por quebra do câmbio.



Peter Revson pouco apareceu na corrida. Sempre andou no pelotão intermediário. Aqui ele lidera James Hunt que também não fez boa corrida e mais atrás Howden Ganley. Definitivamente a vitória caiu no colo de Revson.

Após a saída do safety car, Beltoise lidera com Oliver e Emerson Fittipaldi no seu encalço. Emerson passou os dois de passagem...

Emerson e Moco no início da prova duelando pela 3ª posição. Pace vinha escalando magnificamente o pelotão, partindo da 19ª posição. Moco foi o único piloto que ultrapassou Emerson a corrida toda. Pena que o Pit stop de Pace tenha sido péssimo , derrubando o piloto brazuca da 3ª para a 23ª posição. Qdo estava novamente em plena recuperação perdeu a roda dianteira e abandonou. Bela corrida do nosso Moco.


Wilsinho Fittipaldi também fez bela corrida. Partindo da 9ª posição ia bem até que dois Pit stops muito demorados derrubaram o brazuca para a 21ª posição. Aí Wilsinho mostrou toda sua categoria terminando a corrida na 11ª posição. Aqui ele lidera Chris Amon, que terminou na sua frente na 10ª posição, James Hunt e Howden Ganley.

O neozelandês Chris Amon pilotando o Tyrrell com bico de Lotus. Amon correu com o carro nessa configuração, apesar de ter dito a Dereck Gardner que a dianteira do carro flutuava muito nas curvas de alta. Mesmo assim Amon finalizou a corrida na 10ª colocação.

O tricampeão mundial Jackie Stewart fez uma corrida de garra. Largando da 10ª posição ao lado de Wilson Fittipaldi, o escocês chegou na 5ª posição a uma volta dos líderes.

Emerson Fittipaldi andou muito a corrida toda. Não venceu por razões dúbias. Foi dele a volta mais rápida.


Ronnie Peterson bateu sua Lotus após fazer a sua 8ª pole position no ano, quebrando o recorde de 7 do "escocês voador" Jim Clark de 1963. Na corrida o veloz sueco teve um furo de pneu bateu no guard rail quebrando a suspensão e abandonando no início.

Na foto vemos o Porsche 914 puxando a fila. Essa foi a 1ª vez que houve intervenção de safety car na F1. E foi errada. Notem que atrás do Porsche vem o Iso Marlboro de Howden Ganley, que erroneamente foi colocado como líder da corrida. E assim criou-se toda a celeuma que culminou com a vitória de Peter Revson.

Essa era a colocação que a torre de cronometragem mostrava ao final das 80 voltas da corrida. Em 1º o n° 1 de Emerson, em 2° o 25 de Ganley, em 3° o 8 de Revson, em 4° o 20 de Beltoise...

Antes da corrida o desfile do escocês Jackie Stewart, comemorando o seu tricampeonato na Fórmula 1.

Após uma polêmica daquelas, o americano Peter Revson é declarado vencedor tendo ao seu lado Emerson Fittipaldi 2º colocado e o inglês Jackie Oliver o 3º colocado.

O vôo fretado com todas equipes indo da Europa para as corridas do Canadá e EUA. Notem a aeromoça com adesivos das equipes. Mais `a frente conversando com alguém na fileira de trás Denny Hulme.



 
Há 50 anos.

Ronaldo Nazar


 

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Há 50 anos - Zeltweeg 1973 - Por Ronald Nazar

 



No dia 19 de agosto de 1973, portanto completando 50 anos, foi disputado o GP da Áustria de Fórmula 1 no circuito de Zeltweg. A corrida foi vencida pelo sueco Ronnie Peterson, após abandono de Emerson Fittipaldi a 5 voltas do término, devido a rompimento do duto de combustível. Assim o escocês Jackie Stewart praticamente selava a conquista do seu 3° título mundial ao conseguir a 2^ colocação. 

Largaram!!! Ronnie Peterson pula na ponta. Atrás vem Emerson Fittipaldi que largou mal e está sendo ultrapassado pelo McLaren de Denny Hulme. Mais atrás Arturo Merzario fez uma excelente largada pulando de 6° para 4° lugar. Ao lado de Merzario o argentino Carlos Reutemann que largou mal e perdeu posições para Merzario e Stewart. Atrás de Stewart vem Pace que também fez boa largada.

Início da corrida. Emerson Fittipaldi após má largada lidera Arturo Merzario e Jackie Stewart.


Emerson Fittipaldi voltou aos melhores dias após o acidente em Zandvoort, qando luxou o tornozelo. Fez a pole position e liderou até 5 voltas do final abandonando com pane seca.

Após excelente largada Pace lidera o francês François Cevert, James Hunt, Beltoise,Jarier e Wilson Fittipaldi.

Wilson Fittipaldi liderando o francês Jean Pierre Beltoise. Wilsinho abandonou. Beltoise chegou em 5°.

Wilsinho levanta o braço. Após ir aos boxes abandono. Chegaria na 5^ colocação não fosse o problema na bomba de combustível.

O argentino Carlos Reutemann tenta segurar em vão José Carlos Pace que está fungando no cangote de El Lole. Reutemann largou na 5^ posição e chegou em 4°. Moco largou em 8° e chegou em 3°. 

Emerson Fittipaldi deixa a Lótus 72 . Abandonou por pane seca. O sonho do BI praticamente acabou a 5 voltas do fim da corrida.

O escocês Jackie Stewart conseguiu um ótimo 2° lugar. Após uma fraca 7ª posição nos treinos Jackie correu dentro das possibilidades do Tyrrell que não se adaptou ao veloz circuito de Zeltweg e contando com os abandonos dos McLaren de Hulme e Revson que estavam velozes, e mais ao fim a desistência de Emerson Fittipaldi, o escocês carregou o Tyrrell no colo. Não fosse a quase pane seca de José Carlos Pace, Stewart teria perdido a 2ª colocação para o brasileiro. Muita sorte e competência do escocês voador.

A Ferrari retornou após ausentar-se no GP da Alemanha. O belga Jacky Ickx não quis correr. No seu lugar o italiano Arturo Merzario que conseguiu completar a prova na 7^ colocação a uma volta do vencedor. As modificações não surtiram efeito.

Ronnie Peterson cruzando a linha de chegada e vencendo pela 2ª vez na F1. O sueco largou na frente, liderou até a 16ª volta, quando sem ordem da equipe deu passagem para Emerson Fittipaldi . Emerson teria vencido , não fosse o duto de combustível rachado. Colin Chapman estava fritando o Rato... 

Durante os treinos, pela 1ª vez a Fórmula 1 adotou esquema do pace car. Tudo por causa do fatídico acidente de Roger Williamson em Zandvoort. Na foto a simulação com o Opel liderando a Emerson Fittipaldi e Jackie Stewart. Lembra o nosso Opala. 

O neozelandês Chris Amon durante os treinos pilotando o Tecno. Após diversos problemas nos motores Tecno , Amon abandonou a equipe e não correu. A Tecno perdeu o patrocínio da Martini e não correu mais na F1. Triste fim para os irmãos Pederzani.


O ídolo local Niki Lauda só participou dos treinos. Com o pulso lesionado devido à batida no GP da Alemanha, Niki não conseguia guiar e não participou da corrida.



Mas o grande nome da corrida foi o brasileiro José Carlos Pace o nosso querido Moco. Após a brilhante corrida na Alemanha em Nurburgring, Moco conquistou o seu 1° pódio ao chegar em 3° lugar praticamente sem gasolina no tanque do Surtees. E para fechar com chave de ouro Pace fez a volta mais rápida da corrida, bisando o feito de Nurburgring.

Moco nos boxes trocando informações para melhoria no carro.

Pace na corrida. Esse foi o melhor resultado da equipe Surtees no ano. Foi o 1° pódio do Moco na F1 e também o último pódio da Surtees.

Moco fazendo o curvão que antecede a reta de chegada já na frente de Carlos Reutemann. Notem o bico do Brabham do argentino na foto.

José Carlos Pace sentando a bota no Surtees TS14. Moco conquistou um brilhante 3º.

Moco recebendo a quadriculada cruzando praticamente sem gasolina. Atrás vem Howden Ganley com o Iso Marlboro uma volta atrás e o argentino Carlos Reutemann na 4ª colocação. Foi apertado mas valeu Mocooo...



Há 50 anos.

GRANDE MOCO...

Ronaldo Nazar


domingo, 30 de julho de 2023

Tragédia em Zandvoort - por Ronaldo Nazar

 

Roger Willianson

Dia 29 de julho de 1973.

O GP da Holanda estava de volta após ausência de 1972. Zandvoort havia passado por reformas para melhoria da segurança. O que era para ser uma festa, já que o escocês Jackie Stewart igualara o recorde de vitórias do compatriota Jim Clark em Mônaco, transformou-se num espetáculo MACABRO transmitido pelas TVs do planeta. As coisas já não estavam bem desde os treinos, quando Emerson Fittipaldi, em um trecho veloz, saiu da pista por quebra da suspensão e milagrosamente escapou com vida, sofrendo apenas torção no tornozelo esquerdo. O campeão mundial não participou da corrida. 

                   O estado que ficou a Lotus 72 E de Emerson Fittipaldi após o acidente nos treinos.



No domingo a prova começou com o sueco Ronnie Peterson liderando seguido de Jackie Stewart e José Carlos Pace. 

Primeira volta. Peterson na ponta é seguido por Jackie Stewart, José Carlos Pace, François Cevert, Denny Hulme, James Hunt, Carlos Reutemann e os demais...


Na 8ª volta o jovem e promissor piloto inglês Roger Williamson viria a falecer  estupidamente, após  sua March perder o controle devido a um furo do pneu traseiro esquerdo. O carro bateu dos dois lados da pista e tombou de cabeça para baixo arrastando na pista e devido às fagulhas pegando fogo com o piloto preso sem conseguir sair. De nada adiantou os esforços do companheiro de equipe de Williamson, David Purley, que vinha atrás e parou imediatamente, para prestar socorro. O que se viu foi a luta inglória de Purley junto a comissários desprovidos de equipamentos EPI e as equipes de socorro chegando 5 minutos depois. As chamas já consumiram o March e Roger Williamson perdeu a vida queimado e sufocado. 

Roger Williamson e David Purley antes de acidente fatal.

O exato momento em que a March de Williamson sai da pista.

Carro em chamas. Williamson preso. Fogo alastrando. David Purley tenta em vão virar o carro auxiliado por fiscais totalmente desprovidos de EPI...

Wilson Fittipaldi passa pelo que restou da March de Roger Williamson.


Uma verdadeira aula de incompetência dos organizadores desse GP, que na edição de 1970, outro piloto inglês, também jovem e promissor, Piers Courage perdera a vida quase no mesmo local. A corrida continuou já que não havia safety car, com o escocês Jackie Stewart vencendo e sendo o novo recordista de vitórias da F1. A cerimônia do pódio foi grotesca com Stewart nitidamente abatido, só cumprindo o protocolo. Um triste fim de espetáculo. 

Jackie Stewart recebe a bandeirada e vence pela 26ª vez , quebrando o recorde de Jim Clark. Triste vitória.
Cerimônia do pódio. Um Jackie Stewart desconsolado, apenas cumpre o protocolo. Não havia clima para comemorar.


Assim era o automobilismo   há  50 anos.  

Ronaldo Nazar





sábado, 28 de janeiro de 2023

GP da Argentina 1973 por Ronaldo Nazar

 

Stewart, Emerson e Cevert


E foi no dia 28 de janeiro de 1973, que escreveu-se uma das mais belas páginas das corridas em todos os tempos. Local, Autódromo Municipal de Buenos Aires. A corrida , prova inaugural do campeonato mundial de fórmula 1 . Os protagonistas... Emerson Fittipaldi, François Cevert e Jackie Stewart. O início da mais esperada temporada de F1 com o duelo direto entre Emerson Fittipaldi o novo campeão mundial e o escocês Jackie Stewart bicampeão mundial 1969/1971, que queria porque queria ganhar o tri em 1973 e assim encerrar a sua brilhante carreira como tricampeão. Havia ainda mais atrativos para engrossar o caldo.  O recorde de vitórias de outro escocês voador Jim Clark estava perigosamente ameaçado pelo compatriota Stewart. Faltavam apenas 3 vitórias para que Jackie igualasse o recorde de Jim.  O regulamento mudava em favor da segurança. A CSI resolveu se mexer após tantas mortes de pilotos. Esses mesmos pilotos liderados por Jackie Stewart vinham num movimento cada vez maior em prol desse importante quesito. Sendo assim as equipes deveriam a partir da 4ª etapa , Espanha , apresentar seus carros com a estrutura do chassi deformável quando em colisões frontais. Os tanques de combustível, deveriam ser de borracha ao invés dos até então metal rígido, usados desde os primórdios. Tentava-se assim diminuir os tão frequentes incêndios. O que se veria é que como sempre a teoria e a prática nem sempre convergem. A prova foi o pavoroso acidente de Clay Regazzoni no GP da África do Sul e o acidente fatal da jovem promessa inglesa Roger Willinson com transmissão via TV ao vivo para todo planeta das cenas horríveis durante a disputa do GP da Holanda . Do lado técnico, após anunciar a sua retirada a Firestone, que era o pneu campeão pois equipava a Lotus, resolveu continuar. Só que aí já era tarde. As duas grandes forças foram para a Goodyear, Lotus e Ferrari. O fabricante americano de pneus começava com grande vantagem sobre sua concorrente tb dos EUA. A equipe campeã JPS Lotus, tinha como principal piloto o brasileiro Emerson Fittipaldi o vencedor do título de 1972. O seu companheiro equipe seria outra fera, o sueco Ronnie Peterson, que substituiria o medíocre australiano David Walker, que após brilhantes temporadas nas fórmulas menores, simplesmente parece que esqueceu como andar rápido.  Colin Chapman, faria alterações nas suspensões para que a vencedora Lotus 72, continuasse seu reinado. E parece que o Gênio acertou a mão mais uma vez. Os pneus Goodyear caíram como uma luva na 72 D. Na Tyrrell apesar de fechar a temporada de 1972 com duas dominantes vitórias nas derradeiras corridas no Canadá e EUA, o competente projetista Derek Gardner passou os meses de novembro e dezembro debruçado sobre a prancheta desenhando novas atualizações para a nova Tyrrell agora denominada 005/2 a de Stewart e 006/2 a de Cevert. A ordem de Tio Ken Tyrrell era ser campeão de preferência com o super escocês Jackie Stewart. Cevert seria o fiel escudeiro. Com toda certeza o promissor piloto francês seria o 1º piloto a partir da temporada de 1974, com Stewart atuando como consultor técnico. Mas como quase sempre a teoria diverge da prática. Que pena Cevert. No resto do grid, tínhamos mais uma vez uma claudicante Ferrari com seus eternos problemas internos, com o Comendador Enzo Ferrari dispensando Clay Regazzoni e contratando o pequeno mas bom piloto Arturo Merzario para ser o companheiro do belga Jacky Ickx, que já não tinha aquela MOTIVAÇÃO TODA. Iniciariam a temporada com velha e confiável 312 B2 em seu 3º ano, aguardando a tão sonhada 312 B3, que era conhecida nos bastidores como a Ferrari Lotus, dado o seu desenho em cunha.... seria um grande e estrondoso fracasso. A Mclaren veio para a América do Sul do mesmo jeito que terminou a ótima temporada de 1972. Os pilotos, Denny Hulme e Peter Revson e o M19C. Era aguardada o novíssimo M23 que estrearia na 3ª etapa na África do Sul. A BRM após uma temporada em que desperdiçou importantes chances com excesso de carros, devido ao polpudo patrocínio da Marlboro, agora vinha enxuta, com apenas 3 carros. Jean Pierre Beltoise continuava sendo o principal piloto, secundado por Clay Regazzoni e a jovem promessa Niki Lauda. O modelo P160 revisado e prometendo um motor mais potente. A Brabham dispensou os serviços do bi campeão Graham Hill que resolveu montar o seu próprio time, seguindo o caminho de Jack Brabham, Dan Gurney, Bruce Mclaren, John Surtees. Graham estrearia na Espanha, junto com outra equipe a americana Shadow. Carlos Reutemann e Wilson Fittipaldi Jr seguiriam junto com o projetista Gordon Murray, que finalizava o esperado BT42. Bernnie Ecclestone o dono do time, cada vez mais usava a sua astúcia para ir dominando os bastidores do circo da F1, e a partir de então, transformando-o e um negócio altamente lucrativo. O baixinho de bobo não tinha NADA. A equipe Surtees vinha de um ano mediano e já tinha feito a lição de casa, estreando na Argentina o novíssimo TS14A para Mike the Bike Haillwood e seu novo companheiro de equipe o brazuca José Carlos Pace que tinha feito ótima estreia na corrida dos campeões em Brands Hatch, onde chegou na 2ª colocação. Pace deixou o time de Frank Williams que por pouco não faliu de vez. O perspicaz inglês, juntou-se à empresa italiana Iso Rivolta. Juntos conseguiram o patrocínio da Marlboro italiana e reestruturaram a equipe que contava agora com o neozelandês Howday Ganley e o italiano Nanni Galli. A March depois da perda do sueco Ronnie Peterson e de Niki Lauda e um mal campeonato em 1972, estava praticamente na roça. Veio para a Argentina com apenas um carro para o novo integrante da equipe, o francês Jean Pierre Jarier. No carro particular continuava o inglês Mike Beuttler. A grande ausência seria a equipe Matra que declinou da F1 para focar no campeonato mundial de Marcas. Com isso por enquanto o neozelandês Chris Amon estava a pé. Nos bastidores havia rumores que ele seria a grande cartada da equipe Tecno que preparava um novo modelo. Ao todo apresentaram-se para disputar o gp argentino, 19 carros. Nos treinos classificatórios as surpresas já começaram acontecer. Clay Regazzoni cravou a pole, provando mais uma vez que mandava o sapato onde sentasse. A BRM ainda comemorou o 7º tempo de Jean Pierre Beltoise. E a Firestone tb estava VIVA. Com o 2º tempo, a 3 décimos do pole, o campeão mundial Emerson Fittipaldi mostrou que não estava para brincadeira. Abrindo a 2ª fila, e como sempre veloz o belga Jacky Ickx ladeado pelo escocês Jackie Stewart numa não tão costumeira 4ª posição. Na 3ª fila Peterson estreando relativamente bem na Lotus e François Cevert que não gostou nada do seu posicionamento. O francês deixou escapar que tinha ótimo carro para a corrida. Os brasileiros Wilson Fittipaldi fez o 12º tempo, dentro do esperado no BT 37 que ele usava pela 1ª vez. José Carlos Pace após um monte de problemas conseguiu o 15º tempo. O novo Surtees tinha que ser ainda bem desenvolvido. 


Clay na pole.
Na largada o Rato pula na frente, Ickx tenta enfiar a Ferrari entre eles.
Clay já na ponta com Cevert e Emerson.







Na largada Emerson conseguiu um ótimo pulo, ponteou os primeiros 100 metros que foi ultrapassado simultaneamente por Clay Regazzoni e François Cevert que veio babando da 3ª fila.  Ao fecharem a 1ª volta das 96 voltas previstas, Regazzoni liderava, seguido de Cevert, Emerson, Peterson, Beltoise, Ickx, Hulme, Stewart que fez péssima largada, Reutemann e Revson.  Wilsinho em 11º e Moco em 13º. Na 3ª volta Stewart começa e sua ascenção, ultrapassando o campeão mundial de 1967 Denny Hulme. Logo atrás Peter Revson passa Carlos Reutemann que passa a correr secundado por Wilson Fittipaldi e Niki Lauda que fazia uma boa estreia na BRM. Estamos na 7ª volta e Stewart passa Ickx indo para a 6ª posição. Lá na frente tudo igual. Todos economizando pneus, esperando os tanques baixarem, já que naqueles tempos não havia pit stops. Piloto tinha que se virar com o mesmo jogo de pneus e acertar nos ajustes de suspensões para que o carro tivesse desempenho satisfatório do começo ao fim da corrida. Regazzoni liderava sóbrio seguido de Cevert,Emerson,Peterson, Beltoise,Stewart. Todos juntos. Um pouco mais atrás, Ickx começou a ficar seguido de Hulme, Revson, Reutemann, Wilsinho, Lauda. Na 11ª volta abandono simultâneo tirando a equipe Surtees da corrida. Moco com várias vibrações dos pneus Firestone sobre a suspensão que não resiste e quebra, Hailwood tem o diferencial quebrado. Muito trabalho pela frente para o time. Na 13ª volta Stewart passa Beltoise e assume a 5ª posição colado em Peterson. O escocês como sempre fazendo uma bela corrida. Na 16ª volta Carlos Reutemann abandona com pane na caixa de marchas. A torcida argentina fica frustrada. A corrida segue sem novidades com os 5 primeiros andando juntos até que na 24ª volta Stewart passa Peterson assumindo da 4ª posição. O sueco começa a ter problemas no motor da Lotus. 


Cevert passa Clay e Stewart encosta em Emerson.
Wilsinho e a Brabham.




Na 29ª volta François Cevert ultrapassa Clay Regazzoni. O suíço tem mais uma vez um azar danado. Assim como no GP de 1972, Regazzoni passa na reta de chegada e um pedaço de papel aloja-se no bico do BRM, fazendo o motor perder rendimento devido alteração na temperatura do mesmo. O suíço começa a perder posições até ter que recorrer aos boxes. Na 30ª volta Stewart faz uma manobra espetacular e ultrapassa Emerson Fittipaldi indo para a 3ª posição. Na 32ª volta Stewart passa por Regazzoni fazendo a dobradinha da Tyrrell. Depois de passar a 1ª volta na 9ª posição fez uma recuperação estupenda. Na 33ª volta Emerson finalmente passa Regazzoni fixando-se na 3ª posição. Na 34ª volta é a vez do sueco Ronnie Peterson ultrapassar Regazzoni. Assim tínhamos nesse momento da corrida as 2 Tyrrell, as 2 Lotus e as duas BRM nas 6 primeiras posições. Depois vinham Ickx já bem atrasado com sua Ferrari, as duas Mclarens de Hulme e Revson e já bem atrasados, mas correndo juntos Wilsinho e Lauda. Cevert liderava com maestria e começava a abrir de Stewart que começava a perder terreno para Fittipaldi. O esforço do escocês para voltar para o bloco dianteiro começava a cobrar o preço devido ao maior desgaste de pneus. Na 47ª volta o Belga Jacky Ickx finalmente ultrapassa seu ex companheiro de equipe Clay Regazzoni alojando-se no 5º lugar, mas distante 30 segundos do quarteto líder da corrida. Na 58ª volta Regazzoni vai aos boxes devido a um furo no pneu traseiro. Faz a troca os mecânicos tiram o papel que tanto atrapalhava o desempenho do BRM e o suíço retorna à prova na 12ª posição. Na 60ª volta Emerson já está colado no câmbio de Stewart e os dois iniciam uma tremenda batalha pela 2ª colocação. O escocês apesar do desgaste de pneus vai fechando a porta para o brasileiro e assim Cevert vai abrindo na ponta. A vantagem do francês sobre a dupla já é de 3 segundos. Ronnie Peterson já vem a 10 segundos dos ponteiros com sua Lotus perdendo cada vez mais rendimento. Na 67ª volta o austríaco Niki Lauda encerra sua estreia na BRM abandonando com o motor estourado. Na 75ª volta Wilson Fittipaldi ultrapassa Beltoise ganhando a 7ª posição. Na 76ª volta Emerson Fittipaldi após 40 voltas de luta intensa consegue ultrapassar Jackie Stewart, não antes de ser espremido pelo escocês, que vendeu caro a posição. Emerson teve que pôr os dois pneus direitos na grama para consolidar a ultrapassagem. Agora o brasileiro tinha que ir buscar Cevert que abrira 4,6 segundos na ponta. Estava difícil, mas não impossível. 


Cevert, Stewart e Emerson indo a sua caça.
Já colado...
Lauda sai para as Feras...

Vindo com tudo num belo sobresterço para cima de Cevert.





Na 79ª volta Emerson Fittipaldi na sua caça a Cevert crava a melhor volta corrida, 1'11¨22'" novo recorde da pista argentina. Na volta 82 Emerson cola na traseira de Cevert . Faltando 14 voltas para o término da corrida esse duelo estava pegando fogo. Todos os 10 mil brasileiros que se deslocaram para a Argentina, que estavam assistindo a corrida das arquibancadas estavam de pé torcendo muito por Fittipaldi. Na volta 86, na curva La Horquilla, Emerson retarda a freada em manobra radical, conseguindo surpreender Cevert que nada pode fazer para defender-se. O francês é inapelavelmente ultrapassado pelo brasileiro, que vai para a ponta e começa abrir vantagem. 


Se cuida François...




Nas 10 voltas restantes Emerson roda num ritmo seguro controlando Cevert que se contenta com a 2ª colocação. O brasileiro cruza a linha de chegada ganhando uma corrida de forma espetacular com 4.5 segundos de vantagem sobre Cevert. Jackie Stewart chega na 3ª colocação a mais de 30 segundos. O belga Jacky Ickx resiste com sua Ferrari terminando na 4ª colocação a mais de 40 segundos de Emerson. Em 5º lugar o velho urso Denny Hulme , seguido por Wilson Fittipaldi que com o 6º lugar marca o seu primeiro ponto no campeonato mundial em espetacular corrida com o já ultrapassado Brabham BT37. Pela 1ª vez em uma corrida válida pelo mundial dois irmãos marcam pontos numa mesma prova.  Após o pódio a torcida brasileira levou Emerson nos braços celebrando essa brilhante vitória. Foi uma grande vitória do campeão mundial Emerson Fittipaldi. O automobilismo estava devidamente emplacado no coração do torcedor brasileiro, que iria ficar mais feliz ainda com nova vitória de Emerson, só que agora no GP Brasil. Tudo isso há 50 anos.... EEeeehhhh saudadeeeeee....




 

Ronaldo Nazar

 

Post original do Ronaldo no Facebook.


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Ronaldão, meu irmão do coração, não lembro o motivo, mas não assisti esta corrida e lendo seu relato parece que estava ao seu lado na mureta dos boxes em Buenos Aires com você berrando ao meu lado a cada momento. Quem assistiu diz que foi a corrida da vida do Rato e lendo seu relato concordo.

A Sonia e a você, o querido casal, um beijão no coração.

 

Ronaldão, Caranguejo – Carlos Henrique Mércio e eu escrevemos sobre o GP da França 1973... 

GP DA FRANÇA 1973