A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach
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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Anel Externo...velocidade pura!

Tomada da "Um" cravado! O #8 um grande chassi acertado pelo Carlão, o motor um canhão feito pelo Chapa, empurrando com mais de 150 HPs. Velocidade no local 200/205 km, vindo pelo  Anel Externo.

 Interlagos, anel externo, velocidade pura, pé embaixo 95% do tempo, me lembra a primeira volta que dei no autódromo, a bordo do PORSCHE 550 RS SPIDER de meu irmão Paulo, no longínquo 1961 quando tinha apenas 9 anos.
Lembra ainda o grande Luiz Pereira Bueno dando um baita trabalho à Reinold Joest nos 500 km de 1972, apesar de correr com um carro mais fraco. Lembra Celso Lara Barberis e suas três vitórias, uma em 1961, ano em que meu irmão e Luciano Mioso venceram na categoria até 2 litros.

 Saída da Três, uma Ferrari, Paulo, Buby Loureiro no formula com motor  Porsche 356 e uma Ferrari.
Buby, Paulo...no alto a Junção.

Pois bem, em 1982 ano em que corri na TEP ( D 3 ) estava programada e corremos uma prova pelo anel externo de 3.208m, foram 25 voltas neste circuito fabuloso, parte da não menos fabulosa pista de 8.000m do Autódromo José Carlos Pace-Interlagos, pista que por vontade dos dirigentes da F.1 foi totalmente descaracterizada. O anel externo é de altíssima velocidade, composto pelas curvas "Um", "Dois", "Três" e uma curva que passa pela Junção e em subida que vai até uma curva que antecede os antigos boxes, depois aquela outra curva pouco antes dos boxes, fora a curva Três todas feitas de pé embaixo.


Nos treinos ao lado de meu amigo Amadeu Rodrigues.

 Começamos a preparação do carro trocando a relação de marchas da 1ª e 2ª, já que não precisaríamos usá-las, optamos por uma "Caixa Um" bem mais curta , com a 3ª marcha 0. 78 e 4ª 0.96 e diferencial 8/31 que eu já usava. Com este cambio eu poderia pular na largada junto com meus adversários, esquecendo o trauma de largar com aquela " Caixa 3 " que tanto me atrasava nas largadas. No meu caso usava a 3ª marcha para fazer a curva "Três" e o resto do circuito seria todo em 4ª marcha.
No primeiro treino, na 5ª feira, dois sustos, o primeiro ao chegar à curva "Três", haviam pintado o muro que circunda esta curva de branco, e como na temporada inteira ele estava sujo ao chegar e passar pela curva percebi como passávamos perto dele, ainda mais fazendo a saída da curva com o traçado que usaríamos para o "Anel Externo", o segundo, na primeira volta que vim forte foi ver o contagiros chegar à tomada da curva "Um" a 7.200rpm bem mais rápido que chegava quando fazia o circuito completo.
Passados os sustos era uma maravilha, pé embaixo o tempo todo, fazia a "Um " cravado, e só ia tirar o pé e frear na "Três", uma freada fortíssima, contornada a curva engatava 4ª uns 200m depois, e daí para frente pé embaixo de novo, a tomada e contorno da curva "Um " eram rapidíssimos, não sei precisar a velocidade, que chegava, uns 200 km/h, mas fazer cravado dava um certo friozinho na barriga. Carro bem feito, chassi com um trabalho ótimo do Carlão e motor do sempre competente Chapa ia largar na primeira fila, não lembro a posição, mas pensava "vou dar um susto neles, vou largar junto e se der ganho esta corrida". Os mais rápidos eram o Mogames com o carro em que havia sido vice campeão da D.3 em 1981 e que estava ganhando todas as corridas, o Laércio com o carro que fora do campeão da D. 3 no ano anterior nas mãos do Amadeo Campos. Elcio Pelegrini multicampeão da F. Vê, José Antonio Bruno, Amadeu Rodrigues, Marcos de Sordi, Bé-Clério Moacir de Souza -, Álvaro Guimarães, e o amigão João Lindau. No domingo, antes da largada, era só nela que me concentrava, pulando bem ia brigar lá na frente.

Eu e Elcio - foto de uma corrida anterior.

 Placa de um minuto, primeira engatada, "é hoje", placa de trinta segundos, motor a 7.000 rpm...farol vermelho, farol verde, o pulo foi perfeito, larguei na frente, a hora que fui engatar segunda ela não entrou, não sei se foi erro meu ou se o cambio que nunca tínhamos usado, para não mostrar aos outros que tínhamos uma primeira mais curta, não havia testado a arrancada suficientemente, só sei que cai umas dez posições, não tanto quanto quando largávamos com a "Caixa três" pois estava no embalo, mas outra vez eu tinha de fazer uma corrida de recuperação.
 Passei a primeira volta já em quinto e na segunda já vinha em quarto perseguindo o Elcio, três ou quatro voltas depois estava embutido nele, só que ele era uma pedreira, estava difícil achar um espaço para ultrapassá-lo, vínhamos os dois de pé no fundo, na curva "Um" via sua luz de freio acender, só que seu carro não perdia velocidade - depois ele me contou, dava um toque no freio com o pé esquerdo para abaixar a frente do carro - , na curva "Três" a freada era no gargalo, alem disto nossos motores empurravam igual . Lá na frente o Mogames reinava absoluto, com o Laércio logo atrás, mais sem condições de pressioná-lo.
Nesta altura virávamos cada volta no tempo de 1.04/5s o que era bem rápido numa média horária de 180 KM/H. Lá pela sétima ou oitava volta, eu embutido no Elcio chegamos à curva "Um", e cravados a tomamos, a hora que vi seu carro estava de frente com o meu, eu olhando em seus olhos. Exageros à parte foi um baita susto, estávamos andando no limite e muito rápido, só lembro-me de ter tirado o pé, e saído pelo lado, graças a Deus sem tocá-lo. Aí estava em terceiro, só que o Mogames e o Laércio tinham ido embora, na próxima volta quando vi eu estava saindo da "Dois", e eles quase na freada da "Três", tentei andar o mais rápido possível e cheguei a descontar um pouco, mas lá pela décima quinta/sexta volta, meus pneus começaram a dar sinais de fadiga e o contagiros já não chegava ao final do "Retão" aos 7500rpm do começo, o comando saiu de seu ponto. Sem ninguém à me pressionar me contentei com o terceiro lugar, não sem antes fazer a melhor volta da corrida com o tempo de 1`3``alto.
 Assim terminamos Mogames, Laércio e eu.

Ao final da corrida quando os bandeirinhas vêm nos saudar é uma coisa linda, de arrepiar, as bandeiras agitadas, e as saudações de quem nos viu andar de perto, meu respeito à estes nossos “anjos da guarda”. .

No podium com Mogames e Laercio.

Ah!!! Aquela errada de marcha, não afirmo que teria vencido, mais teria dado trabalho, lá de cima o Lindau deve estar dizendo "Alicatãooooooooooo"
Isso é apenas um pouco do que vivemos nas pistas...

Aos queridos amigos que foram ícones da Divisão Três, Arturo Fernandes, Junior Lara.  Guaraná, João e Adolfo Cilento Neto, que subiram antes do tempo. E também aos amigos Bruninho, Amadeu Rodrigues, Elcio Pellegrinni, Bé – Clelio Moacyr de Souza- Alvaro Guimarães, grandes botas!   

Rui Amaral Jr



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

GP DOS EUA 1979 - Watkins Glen

 Nelson a BT49 e o capacete branco!

1979 os campeonatos da Formula Um estavam decididos quando chegaram à Watkins Glen a derradeira corrida, Jody com a Ferrari 312 T4 já era o Campeão do Mundo e a Ferrari Campeã dos Construtores depois de vencer seis vezes na temporada três com Jody e após W.Glen três com Gilles. Mas um carro já vinha despontando para para 1980, era a equipe de Frank Willians  com um patrocínio forte, um bom carro e um piloto raçudo que neste ano havia vencido quatro vezes...a dupla imbatível; Alan Jones e a FW07, com a qual o grande Clay Regazzoni havia vencido a primeira corrida para a Willians no GP da Inglaterra em Silverstone.  
Depois da vitória de Clay o que se viu foi só a FW07 vencendo...venceu em  Hockenheim,Zeltweg e Zandvoort com Jones, depois Jody venceu em Monza vencendo o campeonato e novamente Jones venceu em Montreal.
O final de semana em Watkins Glen foi complicado, choveu na sexta e sábado com o tempo seco Alan Jones e a Willians FW07 enfiou apenas 1 30/100 sobre Nelson e a Brabham BT49 o segundo no grid...
Na largada Gilles toma a ponta seguido por Jones, Nelson Piquet fica muito atrás pois largou com pneus para pista seca...Gilles dominou de ponta à ponta chegando 50 segundos à frente do segundo...Jones abandonou com problemas na suspensão  e Piquet, com este capacete que vemos na foto, depois de uma bela corrida abandonou com problemas de motor não sem antes fazer a melhor volta da corrida!


   Gilles
Jones
Reutemann
John Watson MacLaren dá uma carona ao Cadango que estava com este capacete branco...

CLASSIFICAÇÃO FINAL




Ao amigo Ararê

Rui Amaral Jr

PS: Em um bate papo com meu amigo Alvaro Guimarães comentávamos sobre capacetes e macacões da época...vejam que Piquet já um piloto consagrado estava com o macacão sujo e um capacete que sabe-se lá onde arranjou...ele ainda lembrou de um dia em Interlagos quando no box viu o capacete de Graham Hill com a viseira quebrada na ponta. Hoje os pilotos saem limpinhos dos carros têm um montão de capacetes e macacões!   
...esqueci...meu amigo Marcelo Indy acertou!


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Podia ser...Mônaco 1984

 Senna
Bellof

1982: fui até o kartódromo de Interlagos pedir ao meu amigo Victor Chiarella um banco de kart, acreditem ou não naquela época usávamos eles em nossos D3, olho para pista e vejo incrédulo um piloto treinando muito forte, sua tocada era perfeita e eu que conheço grandes kartistas fiquei por uns 10 minutos olhando admirado, naquela época ele já tendo vencido na Formula Ford inglesa e estava naquela difícil fase de parar ou continuar!
Chega o Vitão e pergunto quem era o piloto, ele responde “Ayrton Senna” ao que retruco “caso esse menino sente num F.Um certamente vai ser uma sensação, vai ser campeão do mundo!”. E foi...desde o dia em que pela primeira vez tocou o Toleman-Hart no Rio de Janeiro até o fatídico acidente de Imola.
Acompanhei sua carreira na Formula 3 inglesa e a chegada à Formula Um, um tempo incrível onde por alguns anos tivemos dois grandes talentos na categoria, dois talentos naturais dois herdeiros natos de uma leva de grandes campeões! 
Outro dia meu querido amigo Ronaldão Nazar coloca em meu perfil do Face uma entrevista que o jornalista Livio Orichio(link) fez com outro grande piloto, o belga Jacky Ickx, por ocasião do último GP de Mônaco. Acontece que o jornalista praticamente toma satisfações de Ickx sobre a interrupção do GP de 1984 e inclusive faz uma alusão à grande corrida que também fez Stefan Bellof aludindo ser mais “fácil” pilotar um carro com motor aspirado naquela situação.
Ora bolas! Apenas quem nunca colocou a bunda em um carro de corridas pode dizer tal leviandade, aquela corrida mostrou ao mundo dois talentos naturais, dois grandes pilotos que certamente foram os nomes da corrida; Senna e Bellof . E querer reviver trinta anos depois a atitude tomada pelo diretor da prova é no mínimo estranho! 
Acredito sim que Ickx tomou a decisão acertada para aquela hora, pois piloto experiente sabia muito bem tudo que poderia acontecer.
Com sua experiência evitou algo pior pois com certeza sabia que ele mesmo dentro de um daqueles carros gostaria de continuar acelerando fossem quais fossem as condições, aliás como é natural em cada piloto competitivo, nunca se importando com as condições querendo sempre acelerar!
Longe da F.Um vou mostrar à vocês duas condições parecidas, uma na D3 quando nosso amigo e piloto experiente Álvaro Guimarães foi atestar as condições da pista antes de um largada, nas fotos de Luiz Guimarães podemos ver as conseqüências.
A outra que envolve um grande amigo meu o Ricardo Bock quando um diretor de prova autorizou a largada e infelizmente no aguaceiro que caia sobre o Retão de Interlagos os carros aquaplanaram e na batida que envolveu vários carros perdeu a vida o piloto Valdir Del Greco.
Por fim quero dizer que devemos celebrar nossos grandes campeões que tantas alegrias nos deram na F.Um desde a primeira vitória de fabuloso Emerson Fittipaldi em Watkins Glem, passando pelo fantástico Nelson Piquet e lembrar do inesquecível Ayrton Senna por cada uma das poles e vitórias, deixando de lado intrigas disse me disse e outras fofoquinhas.
Salve os nossos três “ON”, Emerson, Nelson e Ayrton...e que um dia possamos ter novamente outro piloto à altura deles! 


Rui Amaral Jr

NT: A melhor volta no GP foi de Ayrton com o tempo de 1.54.334 seguido por Bellof com 1.54.978 sendo a 3ª melhor volta do Leão quando liderava com sua Lotus 95T com o tempo de 1.55.112. Bellof chegou em 3º à 13s de Ayrton mas foi desclassificado por irregularidades em seu Tyrrel.  

 Le Mans 1969 protestando contra o tipo de largada em que os pilotos corriam para seus carros e muitos não afivelavam o cinto de segurança Ickx retarda sua largada para afivelar o seu...
e parte para a vitória. Ford GT40 Jacky Ickx/Jackie Oliver

 Ickx com a Ferrari #4 parte para vitória em Nurburgring 1972.
Bellof e Ickx na Eau Rouge pouco antes do trágico acidente que tirou a vida do jovem talento.

Feliz com sua bela corrida não ouvi protesto algum de  Ayrton


Senna avança

Bellof, vejam a grande ultrapassagem sobre a Ferrari de René Arnoux

E o Alváro "Bico" Guimarães achou de dava...
 Sequencia de fotos de Luiz Guimarães e seu filho Fabiano.
 Mogames roda...
 Tide Dalécio vai para os boxes e Alécio Durazzo sai rodando... 
e por sorte pega a entrada do box de traseira!
 Meu amigo Luiz Eduardo Duran não se recuperou até hoje da rodada de mais de 400m, quando vinha em 4ª marcha acelerando! Conde -Luiz Henrique Pankowski- já espetado no guard rail!

A trágica largada...
  


( Os recortes estão em tamanho grande, clique para ampliar) 

À todos os pilotos que cada vez que puseram seus traseiros em um carro de corridas foi para mostrar a beleza de sua arte não importando a categoria e a posição que disputavam, aos meus amigos que se foram e estão sempre presentes em nossos pensamentos e conversas, aos amigos que com a Graça de Deus sobreviveram a todas loucuras e aos nossos grandes campeões!