A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

AUTOGRAFO

Meu carro, a Brasilia do Adolfo e a do Bruninho...

Ao ler ontem no blog do Carlos de Paula seu texto sobre manecas em corridas "Consultoras" me veio a memória uma corrida, o ano 1977 ou 78. Eu estava já algum tempo sem correr, neste ano havia patrocinado Nivaldo Correa em motos e o Chico Lameirão em Super V, e tinha comprado do Luizinho Pereira Bueno um VW D3 em que o Alex Dias Ribeiro tinha defendido as cores da HOLLYWOOD, e dois motores do Gigante, só que ainda não tinha dado tempo de correr. Comecei em uma prova do Brasileiro de D3 em Interlagos, já nos treinos uma roda do Passat do João Franco passou por mim na entrada do "S", e na classificação um motor estourado. Na época os boxes eram divididos por equipes, cada uma ficando com uma porta que ia até o fundo área do Padock, coube a mim um box ao lado do mesmo João Franco, perto do Adolfo Cilento. Bons tempos, antes de abrirem a saída para o GRID, os fiscais passavam de box em box avisando, 20 min, a adrenalina subindo, motores esquentando, alguns já se atando aos carros, uma loucura! O João e eu conversávamos atrás do box quando surgiu aquela visão, duas manecas, que na época participavam de uma promoção da FIAT, e faziam demonstrações com carros e macacões cor de rosa, vieram nos cumprimentar e continuaram sua caminhada. O João ficou atônito, seus olhos faiscavam e me puxando, esquecendo a largada que se aproximava, fomos conversar com elas. Pedimos um autografo, e uma delas me deu uma etiqueta colante com seu nome e telefone, a outra pegou uma caneta para dar o autografo ao João, e disse "autografo aonde?", no que ele imediatamente abriu seu macacão, tirou a malha e disse "aqui!" batendo no peito, o que ela fez imediatamente.
Grande cara o João, se os bandeirinhas fossem mulheres acredito que ele não terminasse uma corrida sequer, ficaria com elas acompanhando "seu trabalho". E a corrida? Bem depois de toda essa emoção, eu que estava largando do meio do pelotão, depois de uma largada excelente, passei pelo João na entrada da "Ferradura", devia estar entre os cinco primeiros, na "Reta Oposta" ele me tomou novamente a posição, eu grudado nele via o Adolfo no carro de trás me acenando, pensava "quer me distrair, para passar por mim", na entrada da "Junção" percebi o por que dos acenos, do bocal do tanque do carro do João escapavam rios de álcool, e o Adolfo sempre cavalheiro e o grande homem que foi, estava me avisando, rodei até ficar parado meio tonto naquela reta usada pelo anel externo, vendo todo mundo passar e tendo que voltar ao fim do pelotão, depois de umas duas voltas um pneu furado na curva do "Sargento" me tirou daquela bateria.
Na segunda bateria , depois de largar lá atraz, encontro no meio do caminho o Expedito Marazzi, e viemos ganhando posições, eu atraz dele, até que no meio da curva do "Sol", antes da segunda perna desta curva maravilhosa, encontramos um conhecido "alicatão", uns 20 Km mais lento que nós, e acabamos nos enroscando, o "Velho" tentou passá-lo por fora, eu vendo seu carro abrir coloquei por dentro, foi uma loucura, não batemos por puro milagre, e o referido piloto ( não escrevo seu nome nem sob tortura ) foi embora. Logo no termino desta volta, em frente aos boxes meu segundo motor explodiu, fui estacionar na entrada do "Retão", numa pista paralela que havia para serviços, onde um bandeirinha e um bombeiro vieram me ajudar a sair do carro, assustados com aquela fumaceira toda.
Desolado sentei-me ao lado do carro, e ao abaixar a parte de cima do macacão, vi colado na manga aquele adesivo, que aquela loira maravilhosa havia me dado, não pensei mais no prejuízo, nem na corrida, os carros passavam e eu não ouvia, só pensava na loira. O dia não era para correr, era para namorar, pena que não tivesse percebido antes da primeira largada. Quanto ao João , deve ter ficado com aquele autografo no peito por um bom tempo, duro deve ter sido explicar para patroa! 


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NT: Escrevi este texto logo no começo do blog, em 7 de Fevereiro de 2009, hoje não sei por que cargas d`água em  minhas estatísticas haviam 8/9 visitas nele. Então resolvi mostra-lo novamente. 
Apenas uma coisa não contei e agora conto para vocês; 
Quando da manobra do alicatão no Sol, quase o Expedito e eu nos demos mal, isso a mais de 170/180 km/h. E quando me acertei, fui atrás do tal alicatão para dar um totó nele. Sabia ser uns 20/30 km/h mais rápido que ele na curva Um e era lá que ia novamente encostar nele. Mas Deus é Pai, e na frente dos boxes, meu segundo motor daquele fim de semana explodiu!


14 comentários:

  1. Quem foi o preparador dos motores do Adolfo? Por um acaso o Ico, irmão dele chegou a fazer motores pra ele?
    Um abraço.

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  2. Por um acaso, quem foi o preparador dos motores do Adolfo? O irmão dele, Ico Cilento, chegou a mexer com motores vwD3? Sei que ele fez vários hotcars.
    Um abraço.

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  3. Fernando, o Ico Cilento também é um amigo. Outro dia mesmo comentava, acho que com o Ricardo Bock, por que o Ico não fazia os motores a ar dele na D3. Quando encontrar o Ico vou perguntar e respondo.


    Um abraço

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  4. Lembrei agora, acho que o Ico nesta corrida fazia o canhão que o João pilotava, aliás tenho quase certeza.

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  5. Desculpe ter postado o coment 2x, me confundi. Suponho que o Ico não fazia os motores do irmão, por ele ser um cara muito reservado, as vezes um pouco "hostil" (no sentido de pouco acessível). Admirava e admiro muito o Ico, mas ele sempre fora uma pessoa um pouco difícil. Mas MUITO respeitado pelo meio profissional.

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  6. Desculpe ter postado o coment 2x, me confundi. Suponho que o Ico não fazia os motores do irmão, por ele ser um cara muito reservado, as vezes um pouco "hostil" (no sentido de pouco acessível). Admirava e admiro muito o Ico, mas ele sempre fora uma pessoa um pouco difícil. Mas MUITO respeitado pelo meio profissional.

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  7. Dois motores estourados? Gostaria de ver o "dedo-duro" do conta-giros...ou foi culpa do meu amigo Gigante?
    Belo texto, Rui.E o adesivo, existe ainda?
    Abração

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  8. Guima, foram os motores dele!rsrsrsr Um abração.
    Fernando, comigo o Ico nunca foi assim, sei que o que vc diz é verdade. Apesar do Bambino ter 1.65 e o Ico quase a minha altura (1.90m)a parada lá tendia mais para o lado dele!
    Um abraço

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  9. Kra, muito legal esta história. Acradito q hoje em dia os kras ñ são mais tão amigos como antigamente gando curtiam as baratas, as corridas, as namoradas, os amigos. Hoje, conforme m falou uma fotografa da stock na última etapa no velopark, ninguem é amigo é tudo interesse e realmente, já frequenteu até teste de pneus na stock, tarumã testando os goodyear, a tensão existe e é tudo secredo e nada pode, mas mesmo assim curto as baratas.
    Teu blog é show.

    Abração

    Tazio Nuvolari

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  10. O automobilismo no Brasil esta ruindo. Jacarepagua foi pro vinagre, interlagos, com uma administração cada vez mais fraca, extinguindo categorias de base, ou mais populares pra melhor dizer...aquelas que enchiam o grid...já era. Agora é tudo pelo corporativismo, o automobilismo esta virando um cenário para promover eventos, encher o padock com "convidados" dos patrocinadores a fim de exibirem seus produtos e serviços. Para nós, apaixonados e "romãnticos", restam nos encontramos nesses diversos blogs espalhados pela net, com temas e imagens, de uma era que era simplesmente legal...de puro tesão a coisa. Pena.

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  11. Fernandão, alguns nos chamam de saudosistas, não penso assim, veja bem nunca mais fizemos um campeão, e vc assim como eu sabemos o por que.

    Um abração

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  12. Rui, da uma olhada do blog do Flavio Gomes! Olha um vídeo da hotcar em 1981, legal pra caramba com narração do Galvão Bueno. Por um acaso não era o Ico que fazia o motor do João Franco? Vc que conhece a turma toda conta um pouco pra gente...um abraço

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  13. Oi Fernando, já vi no Face, foi agora mesmo...bela largada do Portuga, e é verdade o Ico fazia os motores do João.


    Um abração

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Rui Amaral Jr