A VERDADE NÃO SERIA BASTANTE PLAUSÍVEL SE FOSSE FICÇÃO - Richard Bach

terça-feira, 27 de setembro de 2011

J.C. PACE, PILOTO.





Há uma placa em uma das ruas próximas do autódromo de Interlagos, que leva o nome de José Carlos Pace e logo abaixo a inscrição “Piloto de Fórmula 1”. Certo, mas as gerações mais novas, que não o conheceram se perguntarão. “Que tipo de piloto?” Bem, como tudo em Moco, há controvérsias. Não se duvide que era aguerrido e combativo e que estava sempre pensando em vencer. As controvérsias ficam por conta de comparações que muitos gostavam de fazer com um contemporâneo seu,  Emerson Fittipaldi. Quem seria o melhor?  Ora, pelos números poderíamos dizer que é Emerson: bicampeão de F1, catorze vitórias, mais triunfos na Indy-Cart...Só que Moco tem muitos méritos pelo que obteve, andando sempre com carros sofríveis. Ele tinha a vida mais dura e quando finalmente parecia ter encontrado o acerto para sua Brabham, o destino o surpreendeu. Pace começou pelos Karts, como seus amigos Emerson e Wilson, mas já enfrentando problemas de condicionamento físico, que o acompanhariam por toda a carreira. Para um kartista, era pesado demais. Nos carros porém, sua velocidade e talento transpareceram e ele esteve nas principais equipes brasileiras, como a Willys, a Greco Competições, a Dacon ou Jolly, vencendo o campeonato brasileiro de 1967, em dupla com Luis Pereira Bueno. Em 1970, embarca para a Europa e mesmo com todas as dificuldades enfrentadas em uma terra estranha, torna-se campeão britânico de F3, pilotando um Lotus 59. Na temporada seguinte, já na Fórmula 2, vence o GP de Ímola e atrai a atenção de Enzo Ferrari, que o convida para a sua equipe no Campeonato Mundial de Marcas. 






Moco começa também a demonstrar uma de suas características, a versatilidade. Na temporada de 1972, experimenta desde carros bisonhos como o AMS, um protótipo italiano nos 1.000 Km de Balcarce ao protótipo Gulf Mirage da célebre equipe de John Wyer  nas 6 Horas de Watkins Glen ou mesmo o Shadow-Chevrolet MK3 em três provas da CAN-AM. E claro, estreou na F1. Apesar do claudicante March 711 da Equipe Williams, ele em poucas  provas marca pontos importantes: sexto lugar em Jarama e quinto em Nivelles. 












Em 1973, correndo pela Surtees, mais uma temporada fraca. Só o talento de Pace para conseguir um quarto lugar em Nurburgring e um terceiro em Osterreichring, nas duas únicas vezes em que o carro funciona. E o ilude, pois ao invés de abandonar a equipe, permanece para a temporada de 74. Um erro do qual só se dá conta no meio do ano. Auxiliado por Bernie Ecclestone, consegue deixar a Surtees e refugia-se na Brabham. Em 1975, faz sua melhor temporada. Na Fórmula 1, vence o GP do Brasil, fazendo uma dobradinha brasileira com Emerson. Pontua mais quatro vezes e termina a temporada na sexta posição. 






No Brasil, volta para a Equipe Greco e torna-se Campeão Brasileiro mais uma vez, agora em dupla com Paulo Gomes. Também ganha a 25 Horas de Interlagos e o Torneio Internacional promovido pela Ford para lançar seu Maverick 4 cilindros. Em 76 contudo, o novo Brabham Alfa Romeo só lhe dá desgostos. Os resultados escasseiam e só pontua três vezes, sendo suas duas melhores colocações dois quartos lugares,  na França e na Alemanha. Porém, esse foi um ano de trabalho. Para a temporada de 1977, o BT45 finalmente estava competitivo e acertado e o segundo lugar no GP da Argentina, abertura da temporada, prenunciava isso. Mas Moco só participaria de mais dois GPs. Em março daquele ano, descansando no Brasil, o monomotor onde estava é colhido por uma tempestade e cai perto de Mairiporã. E o país chorou a morte de seu campeão sem título.

Henrique Mércio - Caranguejo

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Identifiquei cada uma das fotos deste post, depois relendo o texto do Caranguejo tirei a identificação pois ele escreveu com tal propriedade a carreira deste grande piloto que elas são desnecessárias.
Em algumas dessas fotos eu estava presente pois desde garoto tive a sorte e o privilégio de ver Moco pilotando.
Agradecemos algumas fotos a nossos amigos Joel Marcos Cesetti, Fernando Fagundes e Humberto Corradi.

Rui Amaral Jr   



4 comentários:

  1. Caranguejo, Rui,

    Como é bom rever o Moco, um campeão que não é reconhecido pelas novas gerações.
    Foram tantas as suas façanhas que a gente fica imaginando que ele se foi com uma idade avançada. Que nada, ainda tinha vitalidade para buscar um título da F1.
    Seria uma lenda em qualquer país, mas no Brasil é pouco lembrado, quase um desconhecido.
    Não para nós, que o vimos competir. Aliás, na F1 lhe faltou sorte, ao ponto dele ter mudado o desenho do capacete, que tinha a flecha apontando para baixo.

    Obrigado pelo texto impecável e fotos maravilhosas.

    Abraço,

    Danilo Kravchychyn
    Ponta Grossa - PR

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  2. Sensacional fotos e matéria, digna para se guardar para sempre....

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Rui Amaral Jr